Título: Instabilidade nos Transportes
Autor: Jeronimo, Josie
Fonte: Correio Braziliense, 11/10/2011, Política, p. 4
Há três meses, o Ministério dos Transportes foi devastado por denúncias de corrupção e tráfico de influência que provocaram a mudança de toda a sua cúpula. O vendaval em uma das pastas mais importantes para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) começou no início de julho, com a denúncia de que o aparelhamento político do ministério era utilizado para desviar verbas, beneficiando correligionários e abastecendo o caixa de campanha do Partido da República (PR).
Reportagem da revista Veja apontou esquema de cobrança de propina a empreiteiras que supostamente repassavam de 4% a 5% do valor total das obras a altos funcionários do ministério para vencer licitações de grandes empreendimentos.
Em 6 de julho, o então titular da pasta, Alfredo Nascimento, pediu demissão e o secretário executivo Paulo Sérgio Passos assumiu o ministério. Mesmo assim, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) continuou alvejado por denúncias de corrupção. Luiz Antonio Pagot, diretor-geral do órgão na gestão de Nascimento, tentou resistir aos cortes que atingiram todas as diretorias, saindo de férias durante a crise. No entanto, em 25 de julho foi afastado da Diretoria-Geral, deixando o Dnit acéfalo até 23 de agosto, quando o Senado aprovou a indicação do general Jorge Fraxe para o comando do departamento.
Além de Pagot, diretores setoriais do Dnit perderam os cargos. Cinco dos sete indicados pela presidente Dilma Rousseff para compor o novo colegiado do órgão foram rejeitados pelos próprios servidores, que chegaram a realizar reuniões exigindo que funcionários do órgão assumissem os postos vagos. Mas o motim foi controlado e o departamento retomou suas atividades normais no início de setembro. (JJ)