Título: População se irrita
Autor: Bonfanti, Cristiane
Fonte: Correio Braziliense, 11/10/2011, Economia, p. 12

Enquanto o governo e os sindicatos travam uma luta em torno dos reajustes salariais, a população se irrita com as greves, que prejudicam a vida de quem quer pagar suas contas em dia ou está à espera de documentos importantes. O advogado José Machado de Freitas, 50 anos, quitou todos os débitos para ter o licenciamento do seu carro, mas ainda não o recebeu. Sem alternativas e com medo de ser pego em uma fiscalização, ele passou ontem duas horas na fila do Departamento Nacional de Trânsito (Detran). "Com a greve, minha caixa de correio está vazia", reclamou.

A espera da professora aposentada Alaide Ruiz, 54 anos, na fila do Detran durou o dia inteiro. Ela chegou a uma agência às 10h30, mas às 16h40 ainda não havia sido atendida. "Se uma blitz me parar, eles não vão querer saber se os Correios estão em greve ou não. Tenho que estar com os documentos em mãos", disse. A aposentada Ione Galvão, 82, passou pelo mesmo transtorno. "Esperei por 20 dias e nada. Mesmo com problemas de saúde, tive de vir buscar o documento", relatou.

Ao que tudo indica, os brasileiros vão continuar enfrentando dor de cabeça. Mesmo que a greve dos funcionários dos Correios chegue ao fim hoje, no dissídio que será julgado no Tribunal Superior do Trabalho (TST), os bancários devem permanecer de braços cruzados. Ontem, o movimento deles atingiu 9.090 agências e centros administrativos de bancos públicos e privados em todo o país.

Em Brasília, eles resolveram chamar a atenção. O presidente do Sindicato dos Bancários do Distrito Federal, Rodrigo Britto, e o diretor sindical, Edmilson Lacerda, ficaram acorrentados em frente a uma agência do Bradesco no Setor Comercial Sul. "Os trabalhadores têm sofrido ameaça até mesmo de demissão para voltarem a trabalhar. Continuamos dispostos a negociar, mas não vamos aceitar que os empregados sofram retaliações", afirmou Britto.