Correio braziliense, n. 19336, 04/05/2016. Política, p. 4

Aprovado parecer contra Delcídio

Por: Julia Chaib

 

O Conselho de Ética do Senado aprovou parecer pela cassação do mandato do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS). No voto, o relator Telmário Mota (PDT-RR) entendeu que Delcídio quebrou o decoro parlamentar. Foram 13 votos a favor do relatório, nenhum contrário e uma abstenção, do presidente do conselho, João Alberto Souza (PMDB-MA). O processo segue agora para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde terá cinco sessões ordinárias para ser analisado. Em seguida, segue para plenário, quando se define finalmente o futuro do parlamentar.

Em seu voto, Telmário avaliou ter indícios suficientes para pedir a cassação do senador. “O representado ignorou seus deveres institucionais e colocou seus interesses privados em primeiro lugar”, diz no documento. O ex-líder do governo foi preso em novembro do ano passado, depois de ser flagrado em gravação na qual conversa com Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras preso Nestor Cerveró para tentar conseguir o silêncio do funcionário.

Com a divulgação do conteúdo da delação premiada de Delcídio à Lava-Jato, o destino do parlamentar foi praticamente selado, embora o relator tenha dito que não considerou o depoimento. “Eu não levei (em conta) em hora nenhuma a delação. A delação não era fruto do objeto que estávamos analisando. Nós analisamos o fato, o diálogo dele, a obstrução da justiça, o senador tentando estabelecer uma fuga, prometendo recursos”, explicou o relator. “Ele usou o cargo, a influência, para beneficiar uma pessoa que estava detida, presa, até mesmo estabelecendo um método de fuga”, afirmou.

Ontem, após a leitura do relatório, a defesa do senador se pronunciou. O advogado Antônio Figueiredo Basto disse que houve cerceamento da defesa e falta de provas. A defesa tentou interromper o processo no conselho, mas teve o pedido negado pelo Supremo Tribunal Federal. Basto, porém, disse que seguirá recorrendo à Corte para reverter a situação. “Não há prova, não há conceito formal de prova, possibilidade de demonstrarmos que este fato nem sequer existiu”, disse o advogado. Para mim, houve cerceamento de defesa, o processo não pode permanecer dessa forma. Vamos recorrer ao Supremo e lutar na CCJ e no Plenário para reverter esse quadro”, disse.

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