Correio braziliense, n. 19342, 10/05/2016. Política, p. 7

O dia decisivo para Delcídio

CCJ aprova o pedido de cassação do mandato do ex-líder do governo Dilma. Com isso, processo será votado hoje em plenário

Por: Julia Chaib

 

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado aprovou ontem à noite a cassação do mandato do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS). A decisão final sobre o futuro político do ex-líder do governo será tomada hoje, em votação no plenário da Casa, às 17h. Ontem, Delcídio voltou ao parlamento pela primeira vez desde que foi solto, para apresentar a defesa e pediu desculpas.

Após a fala do senador durante reunião da CCJ à tarde, o colegiado decidiu adiar a votação do relatório, atendendo a um pedido de Delcídio para que fosse acrescido ao processo um documento novo da Procuradoria-Geral da República (PGR). Mais tarde, oPresidente do SenadoRenan Calheiros, porém, disse que a ação não poderia ser alvo de postergações, como na Câmara. “Pela antecedência do fato, eu terei muita dificuldade de marcar a admissibildade do impeachment depois da cassação”, disse Renan, ao comentar que o processo no Conselho de Ética começou antes dos trabalhos sobre o impedimento da presidente Dilma Rousseff na Comissão Especial do Senado.

Depois do apelo do peemedebista no plenário, à noite, o presidente da CCJ, José Maranhão (PMDB-PB), informou que o documento ao qual Delcídio se referiu está sob sigilo de Justiça e, então, não poderia ser juntado ao parecer do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES). Dessa forma, os senadores aprovaram urgência no processo.

Às 19h40, Maranhão passou a presidir, no plenário, uma sessão extraordinária da CCJ e, pouco tempo depois, anunciou o resultado pela cassação em votação simbólica. Em seguida, foi aberta nova sessão para Renan receber a decisão da CCJ e notificar Delcídio.

Ontem, à tarde, durante a sessão da CCJ, Delcídio fez mea-culpa. “Quero pedir desculpas pelos constrangimentos que causei ao meu parlamento, ao país e ao meu estado”, disse. Em seguida, ele criticou a forma como o processo foi conduzido, dizendo que foi muito rápido. Afirmou ainda que não roubou, não é corrupto, e está sendo acusado de obstrução da Justiça. “Peço desculpas novamente. Errei. Mas agi a mando”, disse.

O ex-líder do governo foi preso em novembro do ano passado, depois de ser flagrado em gravação com Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, para tentar conseguir o silêncio do delator da Lava-Jato. Em seguida, foi aberto o processo por quebra de decoro no Senado. Delcídio alega ter oferecido os benefícios por ordem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O senador passou 87 dias preso. O Instituto Lula nega as acusações.

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