Correio braziliense, n. 19350, 18/05/2016. Economia, p. 10

Míriam será demitida da Caixa

Antonio Temóteo 

Após anunciar os integrantes da equipe econômica, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, definirá ainda esta semana quem serão os presidentes dos bancos públicos. A prioridade é escolher o comandante da Caixa Econômica Federal, ainda sob a chefia da petista Míriam Belchior. No lugar dela, deve assumir Gilberto Occhi, do PP, e ex-ministro do governo Dilma Rousseff. Ele terá a missão de dar mais transparência à estatal. Há rumores de que ela precisará de uma capitalização do Tesouro Nacional diante do aumento das provisões para perdas e queda nos lucros.
Occhi é funcionário de carreira da Caixa desde 1980, onde ocupou os cargos de vice-presidente de Governo e de superintendente nacional da Região Nordeste. Indicado pelo presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), ele recebeu o aval do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para ocupar o posto.
A escolha seguinte será a do presidente do Banco Brasil. O mais cotado para o cargo é Gustavo do Vale, servidor de carreira do Banco Central (BC) que, atualmente, preside a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Na autoridade monetária, foi diretor de Liquidações e Controle de Operações do Crédito Rural do Banco Central do Brasil, de maio de 2003 até fevereiro de 2011.
Apesar da carreira no BC, Vale não é um desconhecido no Banco do Brasil. Foi vice-presidente de Tecnologia e Infraestrutura e diretor de Tecnologia e Infraestrutura da instituição financeira entre abril de 2001 e janeiro de 2003. A recepção ao nome dele, no entanto, não foi das melhores pelo mercado. As ações do BB caíram 4,83% ontem. 
A equipe de Temer ainda terá de definir quem comandará o Banco do Nordeste. Atualmente, a estatal é presidida por Marcos Costa Holanda, indicado pelo senador Eunício de Oliveira (CE), líder do PMDB no Senado Federal. A tendência é que ele permaneça no posto para não desagradar ao parlamentar.
O governo também precisa definir quem presidirá o Banco da Amazônia, que é comandado por Marivaldo Gonçalves de Melo. Ele pode continuar no posto caso as bancadas da região na Câmara e no Senado não reivindiquem a prerrogativa de indicar um nome para o posto.

Tecnologia
Além dos bancos públicos, Meirelles ainda precisa definir quem presidirá o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev), incorporada pela Fazenda com o fim do Ministério da Previdência Social. A tendência é que os dois presidentes sejam substituídos. Rodrigo Assumpção, chefe da empresa criada para atender o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), é ligado ao PT de São Paulo e chegou ao posto pelas mãos do ex-ministro Carlos Eduardo Gabas.
No Serpro, Marcos Mazoni já é considerado carta fora do baralho. Duas pessoas são cotadas para o posto. Glória Guimarães, que já foi diretora da empresa, e o ex-deputado Julio Semeghini, do PSDB. O nome de Glória ganhou força após o presidente interino definir que priorizará a nomeação de mulheres para o comando de estatais, depois da reprovação popular por ter composto um ministério apenas com homens no primeiro escalão.

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Bendine dá adeus à petroleira 

A ida de Pedro Parente para a Petrobras ganhou força ontem após o presidente interino, Michel Temer, informar a Aldemir Bendine, atual comandante da estatal, que ele será substituído. Respeitado no setor privado, Parente foi ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso e comandou as ações do governo durante o apagão de 2001.
Na iniciativa privada, Pedro Parente foi vice-presidente do Grupo RBS de 2003 a 2009 e presidente da multinacional Bunge no Brasil de 2010 a 2014. Ex-presidente do Banco do Brasil, Bendine assumiu a Petrobras em fevereiro do ano passado, em meio ao escândalo de corrupção envolvendo a estatal — investigada na Operação Lava-Jato —, para recuperar a imagem da companhia.
Interlocutores do governo avaliam que Parente tem credibilidade junto ao mercado e experiência técnica para reverter o quadro dramático no qual a petroleira se encontra. Com uma dívida R$ 450 bilhões, a estatal reduziu investimentos e convive com a ameaça de redução do preço do combustível, que pode afetar o já combalido caixa. A medida seria adotada pelo governo para reduzir a inflação, mas enfrenta resistência. Sem aprovação para recriar a Contribuição Provisório sobre Movimentação Financeira (CPMF), o Executivo pode ser obrigado a elevar a alíquota da Cide que incide sobre os combustíveis. E, para compensar o impacto inflacionário disso, reduziria o preço da gasolina.
As mudanças no setor de infraestrutura não param por aí. Em meio à crise da Eletrobras, o governo procura um substituto para o atual presidente da empresa, José da Costa Carvalho Neto. Ligado ao governador de Minas Gerais (PT-MG), Carvalho Neto deve ser substituído, assim que o balanço da empresa for publicado. A estatal teria até hoje para publicar documentos relativos às informações financeiras de 2014 e 2015, mas já anunciou que não conseguirá cumprir o prazo. (AT)

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PPI foca parcerias

O governo de transição aposta em parcerias público-privadas (PPPs) para gerar empregos. Ontem, a criação de postos de trabalho para impulsionar o crescimento econômico foi tema da reunião entre o secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Wellington Moreira Franco, o ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella, e as agências reguladoras do setor de infraestrutura.
O PPI quer padronizar as regras de concessões e privatizações, mas foca as PPPs. A infraestrutura é prioridade porque, segundo Moreira Franco, pode gerar até três vezes mais empregos do que outras áreas. “Há necessidade urgente de nós criarmos mecanismos para restabelecer a empregabilidade”, afirmou. O secretário executivo admitiu, no entanto, que há problemas no modelo de financiamento das obras de infraestrutura. “Vamos criar condições para que os bancos privados façam financiamentos a longo prazo”, disse.
O ministro Maurício Quintella disse que há extrema restrição financeira e orçamentária para investimentos em infraestrutura. “Como não há dinheiro, a forma mais rápida de gerar emprego são as PPPs”, destacou. Ele explicou que a primeira etapa do programa foi ouvir os agentes. “Pedimos que fizessem uma apresentação da situação financeira, o que já foi concedido, as parcerias que já foram estabelecidas e as que estão em estudo”, assinalou. Todos os projetos serão apresentados para a avaliação do Conselho do PPI, presidido pelo próprio presidente interino, Michel Temer.