Título: Bancada grande, mas sem expressão
Autor: Correia, Karla
Fonte: Correio Braziliense, 15/10/2011, Política, p. 6

A expressividade que o recém-nascido PSD tem no Executivo, com nomes como o do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, ou dos governadores de Santa Catarina, Raimundo Colombo, e do Amazonas, Omar Aziz, não se repete no rol de deputados federais que, até agora, se juntaram ao partido que pretende ter a terceira maior bancada da Câmara, com 54 representantes. À exceção da senadora Kátia Abreu (TO), nenhum dos parlamentares até agora filiados à sigla figura na disputada lista dos mais influentes do Congresso, divulgada anualmente pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

A bancada pessedista da Câmara é formada, na maioria, por nomes desconhecidos ou sem destaque, quase todos integrantes do baixo clero, sem poder de articulação ou influência sobre os colegas. Líder do PSD, o deputado Guilherme Campos (SP) admite que um dos fatores que levaram parlamentares a deixar suas legendas de origem foi a busca por mais espaço político. "A maior parte dos deputados que veio para o PSD estava abraçando um novo projeto, renovado, fresco, com novos propósitos e que dá oportunidade a todos. É a oportunidade de participar da criação de um partido, de se posicionar na Câmara", analisa.

Campos defende que o critério usado pelo Diap para medir o poder de influência dos parlamentares não traduz o trabalho interno da Câmara. "O Diap considera quem sai mais na mídia. Como, na Câmara dos Deputados, quem mais se destaca é quem está em lideranças ou presidências de comissões, esses acabam automaticamente tendo uma exposição maior", explica.

Único deputado cearense a migrar para o PSD, o ex-tucano Manoel Salviano foi um dos que aderiram ao novo partido para aumentar sua capacidade de articulação. "Eu não estava tendo apoio político junto ao governo federal para trazer projetos para Juazeiro", diz, referindo-se à cidade cearense que é seu berço político. "Não somos baixo clero. Somos renovadores", defende Salviano, que também participou da fundação do PSDB.

O líder Guilherme Campos também nega a pecha de baixo clero. "Os que perderam deputados para o PSD têm que achar alguma coisa para questionar a nossa criação, a nossa existência. Primeiro, falavam que o novo partido era um sonho, um devaneio. Agora, é uma questão de tempo para essas críticas se mostrarem infundadas".