Título: Problemas em casa
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 15/10/2011, Economia, p. 14

Os primeiros encontros da cúpula dos ministros de Finanças do G-20 (grupo que reúne as vinte maiores economias do mundo) deixaram o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mais confiante em relação aos rumos do cenário econômico internacional. Ao sair de uma conversa reservada com o ministro das Finanças da França, François Baroin, realizada ontem em Paris, o ministro se mostrou satisfeito. Segundo ele, Baroin apresentou soluções aparentemente eficazes para resolver os problemas da dívida grega, dos demais países enfraquecidos e dos bancos europeus. "A Europa está avançando para um instrumental mais eficaz. Estou mais otimista", afirmou.

O breve alívio, entretanto, contrasta com as preocupações do ministro em torno da economia no Brasil. Prestes a divulgar a revisão para baixo da projeção oficial de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011 — anúncio que deve ser feito assim que ele voltar ao Brasil — o principal desafio de Mantega será equalizar a retração quase certa da atividade no terceiro trimestre com a resistência da inflação. Pesa sobre ele a responsabilidade de evitar que os dois primeiros anos do mandato da presidente Dilma Rousseff tenham um avanço ínfimo.

Desconfiança Na terça-feira, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, disse que a previsão de expansão econômica da pasta para este ano deve ficar entre 3,5% e 4% e para 2012 será de 5%. Para alguns analistas, porém, a aposta é muito otimista. A economista-chefe do Banco Fibra, Maristella Ansanelli, chamou a atenção para o acúmulo de sinais negativos e riscos. "Estoques elevados e empresários pouco confiantes sinalizam que setembro também não deve ser muito positivo. Nesse contexto, revisamos a estimativa do PIB para zero com viés negativo. Faltando somente um trimestre para o encerramento do ano, tal resultado compromete bastante o desempenho do PIB de 2011", afirmou.