Título: Dilma abre os cofres
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Fonte: Correio Braziliense, 15/10/2011, Economia, p. 15
Em um discurso formatado para demonstrar que a economia brasileira se mantém forte diante da crise internacional, a presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que o país poderá elevar sua participação no Fundo Monetário Internacional (FMI).
A presidente disse ter sido um "grande passo" a decisão do país em retomar o crescimento e quitar a dívida que tinha com o Fundo. "O Brasil deu o grande passo quando voltou a crescer. Foi quando nós pagamos o Fundo Monetário e nos livramos dele se imiscuindo na nossa política interna", disse. "Hoje, nós temos recursos aplicados no Fundo Monetário. Possivelmente, inclusive, nós iremos ter uma maior participação (no FMI)", afirmou, durante assinatura do pacto Brasil sem Miséria com governadores da Região Sul, em Porto Alegre (RS).
A declaração da presidente firmou a posição do país ao lado de outras nações emergentes em meio à discussão, no âmbito do G-20, da possibilidade de quase dobrar o capital do FMI como forma de ajudar a Europa. A hipótese é rejeitada pelos Estados Unidos e pela Alemanha. Ministros de Finanças dos países que integram o G-20 estão reunidos em Paris até hoje discutindo se a Zona do Euro deve arcar sozinha com a crise econômica que atinge o continente ou se o restante do mundo deve ajudar a Europa.
É nesse contexto que a presidente acena com uma possível elevação da cota do país no FMI. "Jamais aceitaremos, como participantes do Fundo Monetário, que certos critérios que nos impuseram sejam impostos a outros países", ressalvou Dilma.
A presidente declarou que o Brasil tem, hoje, maior capacidade de lidar com as turbulências. Ela ressaltou o mercado interno como uma das armas ante as dificuldades externas, mas admitiu que a redução do consumo em todo o mundo atinge o país.
"Nós não somos uma ilha. De uma forma ou de outra, nós somos atingidos pela crise através da redução do consumo em todas as regiões do planeta. Nós iremos resistir equilibrando o nosso crescimento", disse Dilma, que tem se mostrado contrária à adoção de políticas fiscais que comprometam o crescimento. Ela ressaltou a necessidade de investimentos. "O Brasil se encontra hoje consigo mesmo e sabe da sua força. Sabe da importância de continuar fazendo investimentos para resgatar a sua população da pobreza", disse.