Correio braziliense, n. 19344, 12/05/2016. Política, p. 4
Os contornos da nova Esplanada
Temer prepara extinção de 10 dos 31 ministérios. Diário Oficial publicará nomeação do gabinete e exoneração de assessores de Dilma. Ministros devem ser empossados hoje
Por: Julia Chaib, Paulo de Tarso Lyra e Rosana Hessel
A poucas horas depois da notificação da presidente Dilma Rousseff sobre o resultado da votação do impeachment, poderá ser consolidada a nova dança das cadeiras na Esplanada dos Ministérios. Logo após assumir, Michel Temer nomeará, na tarde de hoje, o seu novo time de ministros, em uma edição extra do Diário Oficial. Uma das primeiras providências a serem tomadas pelo peemedebista será o corte do número de pastas: pelo menos 10 dos 31 ministérios serão extintos.
O Diário Oficial deve publicar, também hoje, a exoneração dos ministros de Dilma. Apenas dois continuam em seus cargos: o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que deverá permanecer na função até a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em junho; e o ministro do Esporte, Ricardo Leyser Gonçalves, que cuida da coordenação dos Jogos Olímpicos, de acordo com fontes palacianas. O deputado federal Leonardo Picciani (PMDB-RJ) é cotado para assumir a pasta nos próximos meses. Os outros ministros sairão e serão substituídos. De acordo com o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), a posse dos novos ministros deve ocorrer ainda nesta tarde. “Não se pode deixar um vácuo no poder”, justificou.
A definição dos nomes foi marcada por uma série de vai e vens e por muitas sondagens. A ideia inicial, de construir um “ministério de notáveis”, ainda não se traduz no mapa de nomes formado. As oscilações prosseguem. Ontem, Temer recuou em uma das pastas. O deputado Newton Cardoso Jr. (PMDB-MG), cotado para assumir a Defesa, acabou descartado, após forte reação negativa de militares. Newton tem menos de 40 anos e é deputado de primeira viagem. No lugar dele, pode ocupar a pasta o deputado Raul Jungmann (PPS-PE).
Agricultura
Também ontem, o senador mato-grossense Blairo Maggi, cotado para assumir a pasta da Agricultura, trocou o Partido da República (PR) pelo Partido Progressista (PP). O ruralista foi convidado pelo presidente do partido, Ciro Nogueira, para assumir o Ministério, na última semana. Maggi prometeu manter os trabalhos realizados pela pasta. “Kátia Abreu fez avanços no ministério, e espero aproveitar todos. Não podemos achar que vamos construir uma casa a partir do telhado. Todas as casas têm base, meio e fim”, afirmou, ao citar a ministra do governo Dilma Rousseff. Na noite de ontem, o deputado Mendonça Filho (DEM-PE) foi confirmado ministro da Educação.
Outro nome certo é o do ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para o Ministério do Turismo. A pasta de Indústria e Comércio Exterior será liderada por um político indicado pelo PRB. O deputado federal Ronaldo Nogueira (PTB-RS) assumirá o Ministério do Trabalho. Perderão o status de ministério a Advocacia-Geral da União, o Banco Central, a Secretaria de Comunicação Social e chefia de Gabinete da Presidência.
Outras pastas serão infladas. O Ministério da Fazenda, por exemplo, agregará o Ministério da Previdência. A mudança soou bem aos ouvidos do mercado. “Passa a ideia de seriedade por parte de Henrique Meirelles para fazer a reforma da previdência”, disse um analista do mercado financeiro. Os nomes de Meirelles, para a Fazenda; e de Ilan Goldfajn, para o Banco Central, aliados ao de Mansueto Almeida para o Tesouro Nacional, agradaram à área. O Ministério da Justiça ganhará o nome de Ministério da Justiça e Cidadania e passará a agregar o Ministério das Mulheres, Direitos Humanos e Igualdade Racial. O Ministério Social incorporará os Ministérios do Desenvolvimento Social e Desenvolvimento Agrário. O Ministério da Cultura será integrado ao da Educação. Temer pretende, mesmo assim, dar peso à área.
Cortes de comissionados
Após a aprovação no Senado, o processo de impeachment voltará à comissão especial da Casa para a fase de instrução processual. Novas audiências serão realizadas. Defesa e acusação serão ouvidas. O colegiado manterá os membros. O senador Raimundo Lira (PMDB-PB) continuará presidente e o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) relator. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, assume a presidência do processo. A tendência é que o colegiado conclua os trabalhos com peça de acusação que precisa ser aprovada pelos membros da comissão para, em seguida, ser apreciada no plenário do Senado.
Definições e dúvidas
Como ficará o novo gabinete ministerial
Casa Civil
Eliseu Padilha (PMDB-RS)
Secretaria de Governo
Geddel Vieira Lima (PMDB-BA)
Secretaria especial para investimentos ligado a Presidência
Moreira Franco
Relações Exteriores
José Serra (PSDB-SP)
Fazenda
Henrique Meirelles
Banco Central
Ilan Goldfajn
Agricultura
Blairo Maggi (PP-MT)
Planejamento
Romero Jucá (PMDB-RR)
Justiça e Cidadania
Alexandre de Moraes (PSDB-SP)
Saúde
Ricardo Barros (PP-PR) — Cotado
Ciência, Tecnologia e Inovação e Comunicações
Gilberto Kassab (PSD-SP)
Educação e Cultura
Mendonça Filho (DEM-PE)
Cidades
Bruno Araújo (PSDB-PE)
Social
Osmar Terra (PMDB-RS)
Transportes, Portos e Aviação Civil
Maurício Quintella Lessa (PR-AL)
Meio Ambiente
Sarney Filho (PV-MA)
Integração Nacional
Fernando Bezerra Filho (PSB-PE) — Cotado
Turismo
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)
Trabalho
Ronaldo Nogueira (PTB-RS)
Indefinidos
Defesa
Raul Jungmann (PPS-PE) — Cotado
Indústria e Comércio Exterior
Nome sairá de indicação do PRB
Esporte
O atual ministro Ricardo Leyser Gonçalves continua para coordenar o preparativo das Olimpíadas. Depois, assume Leonardo Picciani (PMDB-RJ)
Minas e Energia
Nome deverá sair da bancada do PMDB no Senado
Transparência
Indefinido
Perdem status de Ministério
» Advocacia-Geral da União
» Banco Central
» Secretaria de Comunicação Social
» Chefia de Gabinete da Presidência
» Ministério da Previdência Social
» Ministério das Mulheres
» Ministério da Igualdade Racial e Direitos Humanos
» Ministério do Desenvolvimento Social
» Ministério do Desenvolvimento Agrário
Incorporações
» O Ministério da Fazenda incorpora o da Previdência Social
» O Ministério da Justiça incorpora o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos
» O Ministério Social incorpora os Ministérios do Desenvolvimento Social e Desenvolvimento Agrário
» O Ministério da Cultura será integrado ao da Educação