Correio braziliense, n. 19344, 12/05/2016. Política, p. 8
Os internautas não perdoam
Desde cedo, usuários da rede mantiveram a tática da guerrilha de memes que marcou a disputa entre os lados pró e contra o governo
Um incidente registrado por volta das 18h com o Presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), provocou um intervalo na sessão, o segundo do dia. Durante entrevista sobre como se programaria para que todos os inscritos conseguissem falar até as 22h, Renan perdeu um dente — e as redes sociais não perderam a oportunidade para divulgar memes e imagens. A mesa do Senado, porém, rebateu a versão dos internautas: o que teria escapado da boca do presidente da casa teria sido apenas uma bala-chiclete que ele consumia.
O episódio histórico do segundo afastamento de um presidente da República eleito no exercício do mandato foi acompanhado por intenso embate nas redes sociais. Artistas, governantes de outros países e até membros do Congresso Nacional usaram os próprios perfis para e disseminar opiniões. E acabaram criando polêmicas.
Poucas horas após a senadora Ana Amélia (PP-RS) abrir a sessão de oradores no Senado, a hashtag #TchauQueridaDay, em referência à saudação de despedida do ex-presidente Lula a Dilma no polêmico telefonema gravado e divulgado pelo juiz Sérgio Moro, era o assunto mais falado no país. A hashtag esteve entre as mais comentadas no mundo. Foi usada mais de 90 mil vezes.
Além de Dilma, o ex-presidente Lula foi alvo de piadas. Os usuários exaltaram a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki de recusar os recursos do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo.
Em resposta à tag, manifestantes pró-governo lançaram a hashtag #GolpistasDay (O dia dos golpistas), por meio da qual rebateram os memes dos internautas pró-impeachment. Os defensores da presidente Dilma, do ex-presidente Lula e demais filiados ao Partido dos Trabalhadores (PT) concentraram as críticas no senador Aécio Neves (PSDB-MG), no presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e, principalmente, no vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), sucessor constitucional da presidente Dilma Rousseff.