O Estado de São Paulo, n. 44800, 14/06/2016. Política, p. A6

Dilma discute com senadores consulta sobre novas eleições

Por: Ricardo Galhardo/ Julia Lindner

 

A presidente afastada Dilma Rousseff vai se reunir hoje com senadores e representantes de movimentos sociais para discutir a proposta de uma consulta popular sobre a realização de novas eleições. Dilma quer aproveitar o ambiente de crise instalado pelos pedidos de prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do senador Romero Jucá (PMDBRR) para tentar ganhar votos de parlamentares indecisos ou favoráveis ao impeachment.

Segundo senadores, o clima de “fim do mundo” causado pelos pedidos de prisão feitos pela Procuradoria-Geral da República e pela sombra da delação premiada de executivos da Odebrecht na Operação Lava Jato criou um ambiente mais favorável para que a tese da realização de novas eleições ganhe espaço no Senado.

Na quinta-feira passada, Dilma admitiu em entrevista à TV Brasil a possibilidade de um plebiscito, caso consiga reverter a votação do processo de impeachment no Senado.

Dois dias antes, o senador Roberto Requião (PMDB-PR), contrário ao afastamento da petista, realizou um jantar em seu apartamento, que reuniu cerca de 25 outros senadores. “Tinha 30 pessoas na minha casa, todos fechados com o plebiscito e novas eleições. No fim dos 90 dias de interinidade, pode chegar a 40”, disse Requião.

 

‘Motivo’. Segundo ele, vários parlamentares estão descontentes com o início do governo Michel Temer. “A distribuição de poder nos Estados desagradou a muita gente. Tem senador que só precisa de um motivo, de um ponto de apoio, para votar contra o impeachment.” Dilma precisa dos votos de 27 senadores para voltar ao cargo.

Segundo o Placar do Impeachment” do Estado, hoje ela teria 18 votos. Temer precisa do voto de 54 senadores e tem 37.

Parlamentares que votaram a favor do afastamento da petista e declaram voto pelo impeachment – como Álvaro Dias (PV-PR) – admitem, agora, que a tese das novas eleições ganhou fôlego. “O plebiscito é uma forma de aplacar a consciência de alguns senadores que querem votar contra o impeachment, mas temem a repercussão negativa. Há alguns não desejosos de votar pelo impeachment”, declarou Dias.

Além de representantes das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, vai participar da reunião com Dilma grupo de senadores de diversos partidos que defendem novas eleições.

Senadores relacionados:

Órgãos relacionados: