O Estado de São Paulo, n. 44800, 14/06/2016. Política, p. A7

Para acelerar rito, comissão não ouve testemunhas

Por: Isabela Bonfim / Julia Lindner

 

O governo operou mais uma vez com o intuito de evitar atrasos no processo de afastamento da presidente afastada Dilma Rousseff. Na reunião da comissão do impeachment de ontem, os senadores da base do presidente em exercício Michel Temer dispensaram o depoimento de quatro testemunhas para encerrar de vez a fase de depoimentos da acusação.

A ação foi acertada antes da sessão, no gabinete da senadora Simone Tebet (PMDB-MS), com a presença do líder do governo, Aloysio Nunes (PSDBSP), e outros oito senadores da comissão. “Já temos indícios de sobra para podermos dispensar testemunhas no caso da acusação”, disse Simone. A própria senadora disse que o objetivo era “acelerar” e “dar uma resposta imediata ao País”. Das quatro testemunhas dispensadas, duas seriam ouvidas ontem e outras duas na sessão de hoje.

Os senadores mantiveram testemunhas ligadas ao Tribunal de Contas da União e dispensaram as vinculadas ao Tesouro.

Apesar de todos os nomes serem da acusação, na reunião anterior servidores do Tesouro convidados por senadores da base de Temer acabaram dando depoimentos que favoreceram a defesa de Dilma. Eles confirmaram a quitação de dívidas do governo em 2015 e negaram impacto sobre a meta fiscal.

“Eles estão mudando as testemunhas porque os dois técnicos do Tesouro que vieram mostraram que, em 2015, não tinha crime algum”, disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

Hoje a comissão ouve testemunhas indicadas pela defesa de Dilma. O primeiro deverá ser o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho.

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