Título: Perigo na Síria
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Fonte: Correio Braziliense, 15/10/2011, Mundo, p. 24
Em meio ao crescente clima de tensão que envolve manifestantes da oposição e forças de segurança leais ao presidente sírio, Bashar Al-Assad, a principal autoridade da ONU para direitos humanos pediu ontem que a comunidade internacional interceda e impeça uma guerra civil na Síria. O anúncio ocorre no mesmo dia em que a Liga Árabe anunciou uma reunião de emergência para discutir a situação no país.
De acordo com Navi Pillay, Alta Comissária para os Direitos Humanos da ONU, estão claros os perigosos rumos que a falta de diálogo nas discussões acerca de um reforma democrática no país podem tomar, caso os confrontos entre opositores e soldados leais não parem. "À medida que mais membros das forças militares se recusam a atacar civis e mudam de lado, a crise já demonstra sinais preocupantes de se transformar em luta armada", alertou. Ela se referia ao recente posicionamento de alguns oficiais das Forças Armadas em favor dos movimentos contra Assad.
Navi ressaltou a importância de nações estrangeiras em situações que lidam com os direitos humanos, como a repressão violenta que assolou a Síria. "O ônus é de todos os membros da comunidade internacional, para que tomem ações de proteção de modo coletivo, antes que a implacável e contínua repressão leve a uma guerra civil aberta", alertou. O apelo das Nações Unidas ocorreu paralelamente ao anúncio de mais 12 mortes durante manifestações em Dael (sul), Saqba (próximo a Damasco) e Aleppo (norte). De acordo com os últimos dados atualizados, subiu para pelo menos 3 mil o número de mortos desde o início dos movimentos pró-democracia — incluindo 187 crianças. Preocupados também com a situação, os países do Golfo Pérsico convocaram para amanhã, no Cairo, uma reunião de emergência para discutir a situação humanitária na Síria.