O Estado de São Paulo, n. 44795, 09/06/2016. Política, p. A8
Temer vai atrás de apoio entre empresários
Presidente em exercício busca usar capital político do setor produtivo no Congresso
Por: Tânia Monteiro
Com os desdobramentos da Operação Lava Jato sobre aliados, o presidente em exercício Michel Temer resolveu apostar na atração de apoio do setor produtivo, na tentativa de recuperação da economia e no uso de seu capital político para aprovar medidas no Congresso que possam levar à melhoria do cenário.
Temer se reuniu ontem com cerca de 200 empresários, que, depois de cerimônia no Planalto, almoçaram com ele no Palácio do Jaburu, sua residência oficial.
A comitiva foi capitaneada pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, um dos maiores defensores do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Na ocasião, todos puderam despachar com Temer e levar demandas diretamente não só ao presidente em exercício, como também aos ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e da Indústria e Comércio, Marcos Pereira.
Em discurso, Temer agradeceu aos empresários. “Eu vejo que há confiança e esperança”, afirmou.
Ao pedir apoio dos presentes, o presidente em exercício disse que não teve mais que oito dias, após a admissibilidade do processo de impeachment de Dilma no Senado, para organizar o governo e que, ao assumir, muitos dados mostraram-se preocupantes.
“No caso do déficit, o que era preocupante tornou-se extremamente preocupante”, disse.
O presidente em exercício afirmou que os empresários estão esperançosos e que a palavra “esperança” vem de “fiança” e “espera”, o que para ele daria crédito a seu governo. “Se os senhores se dispuseram a vir até aqui é porque os senhores estão interessados no Brasil e querem que o País cresça.” Temer não fez referências ao governo da petista, mas afirmou que todos deveriam saber que sua gestão não encontrou “o País com harmonia”. Ele reconheceu que é preciso consolidar os “novos fundamentos da economia”, mas esse trabalho não será feito de “hoje para amanhã”.
“(Devemos) começar hoje para que muito brevemente coloquemos o País nos trilhos.” Gastos. Segundo ele, o governo vai apresentar na semana que vem o projeto de lei que limita os gastos e reforçou que não se pode gastar mais do que se arrecada.
“A limitação de gastos que será revisada apenas em relação à inflação do ano anterior é o que nos permitirá gastar novamente um e arrecadar um”, disse.
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Por: Anne Warth
Segundo pesquisa CNT/MDA divulgada ontem, 65% dos brasileiros afirmam que a corrupção no governo do presidente interino, Michel Temer, será igual ou maior à verificada na gestão da presidente afastada Dilma Rousseff.
Para 28%, a corrupção no governo interino será menor. O levantamento foi o primeiro a aferir a aprovação do peemedebista.
O governo Temer, diz a pesquisa, é aprovado por 11%; 28% avaliam a gestão como negativa, 30% não souberam opinar e 30% disseram que o governo interino é regular. O índice de aprovação do governo Temer é igual ao registrado pelo governo Dilma na pesquisa de fevereiro. O levantamento foi feito entre 2 e 5 de junho. Foram ouvidas 2.002 pessoas em 137 municípios. / ANNE WARTH
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Dilma reclama de corte de clipping diário
Por: Ricardo Galhardo
Depois de aviões da FAB, cartão de crédito, secretárias e seguranças, o governo Michel Temer cortou o clipping diário de notícias de Dilma Rousseff, conforme antecipou ontem a coluna Direto da Fonte no estadão.com.br.
As informações foram confirmadas pela assessoria da presidente afastada. O calhamaço azul apelidado de “mídia” com as principais notícias do dia tem sido “contrabandeado” para o Alvorada por aliados remanescentes no Planalto.
A petista pediu a assessores que ligassem para o presidente da EBC, Ricardo Melo, que vai tentar restabelecer o envio do clipping. “São tentativas de constrangimento, de criar obstáculos para a atuação da presidente.
É muito pequeno, muito mesquinho”, disse o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo.
Anteontem, Dilma disse que o governo Temer tenta transformar o Alvorada em uma “prisão dourada”.
Por “medida de segurança”, Dilma desistiu de viajar em voo comercial entre Brasília e Campinas, onde se reúne hoje com intelectuais e visita obras do projeto Sirius, de construção do acelerador de partículas. Dilma só pode usar avião da FAB para se deslocar entre Brasília e Porto Alegre./COLABOROU T.M.
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Setor ainda espera ‘firmeza’ do governo
Por: Alexa Salomão
Dizer que o empresário “tem total confiança no Brasil” com o governo em exercício no poder foi uma espécie de licença poética de Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Passadas três semanas desde a posse, “expectativa”, “insegurança” e até “medo” são adjetivos mais apropriados, na definição de empresários e executivos ouvidos pelo Estado.
Expectativa em relação ao próximo passo na área econômica. O governo escalou na Fazenda uma equipe considerada de primeira linha, mas até agora apenas pontuou um conjunto de medidas – que já era esperado e não surpreendeu – e não fez o mais importante: dar os detalhes. Exemplo. A fixação de um teto para os gastos já estava no documento “Uma Ponte para o Futuro”, em que o PMDB reuniu propostas para a economia, mas o que cortar, como cortar, quando cortar ao se atingir o teto são incógnitas.
Insegurança no campo político, pois o governo deu sucessivas demonstrações de fragilidade.É visto como refém da Operação Lava Jato, refém de um Congresso que opera pesado o jogo da barganha. O próprio estilo de Michel Temer é visto com certa ressalva.
O que na política se chama de “habilidade para compor” no meio empresarial não raro soa como “falta de firmeza”.
Medo de que, dragada por denúncias e uma nova onda de insatisfação popular, a gestão Michel Temer também seja interrompida, o que jogaria o País na total imprevisibilidade.
“Todo mundo está é desesperado para que o Brasil dê certo”, definiu um importante empresário – que ontem não passou por Brasília.
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37 A FAVOR DO IMPEACHMENT
4 NÃO LOCALIZADOS
15 NÃO QUISERAM RESPONDER
7 INDECISOS
18 CONTRA O IMPEACHMENT
SÃO NECESSÁRIOS 54 VOTOS PARA A ADMISSIBILIDADE DO PROCESSO
81 É O TOTAL DE SENADORES
A FAVOR
Aloysio Nunes
PSDB – SP
José Anibal
PSDB- SP
Hélio José
PMDB – DF
Davi Alcolumbre
DEM – AP
Vicentinho Alves
PR – TO
Alvaro Dias
PV – PR
Ataídes Oliveira
PSDB – TO
Paulo Bauer
PSDB – SC
Marta Suplicy
PMDB - SP
José Agripino
DEM – RN
Ana Amélia
PP – RS
Fernando B. Coelho
PSB - PE
Aécio Neves
PSDB – MG
Ricardo Ferraço
PSDB – ES
Romero Jucá
PMDB - RR
Ricardo Franco
DEM – SE
Ciro Nogueira
PP – PI
Lasier Martins
PDT – RS
Cassio Cunha Lima
PSDB – PB
Tasso Jereissati
PSDB – CE
Simone Tebet
PMDB – MS
Ronaldo Caiado
DEM – GO
Gladson Cameli
PP – AC
Reguffe
s/partido – DF
Dalirio Beber
PSDB – SC
Dario Berger
PMDB – SC
Valdir Raupp
PMDB – RO
Cidinho Santos
PR- MT
José Medeiros
PSD – MT
Zezé Perrella
PTB – MG
Flexa Ribeiro
PSDB – PA
Eunício Oliveira
PMDB - CE
Waldemir Moka
PMDB – MS
Magno Malta
PR – ES
Sérgio Petecão
PSD - AC
Garibaldi Alves Filho
PMDB – RN
Eduardo Amorim
PSC – CE
NÃO LOCALIZADOS
Jader Barbalho
PMDB – PA
Renan Calheiros
PMDB – AL
Rose de Freitas
PMDB – ES
Lúcia Vânia
PSB – GO
NÃO QUISERAM RESPONDER
Edison Lobão
PMDB – MA
José Maranhão
PMDB – PB
João Alberto Souza
PMDB – MA
Raimundo Lira
PMDB – PB
Benedito De Lira
PP – AL
Roberto Muniz
PP-BA
Omar Aziz
PSD – AM
Otto Alencar
PSD – BA
Antonio Anastasia
PSDB – MG
Antonio C. Valadares
PSB – SE
Fernando Collor
PTC – AL
Pedro Chaves
PSC- MS
Wellington Fagundes
PR - MT
Ivo Cassol
PP – RO
Wilder Morais
PP – GO
INDECISOS
Roberto Rocha
PSB- MA
Romário
PSB – RJ
Acir Gurgazz
PDT – RO
Cristovam Buarque
PPS – DF
Eduardo Braga
PMDB – AM
Eduardo Lopes
PRB – RJ
Elmano Férrer
PTB – PI
CONTRA
Angela Portela
PT – RR
Fátima Bezerra
PT – RN
Gleisi Hoffmann
PT – PR
Humberto Costa
PT – PE
Jorge Viana
PT – AC
José Pimentel
PT – CE
Lindbergh Farias
PT – RJ
Paulo Paim
PT – RS
Paulo Rocha
PT – PA
Regina Sousa
PT – PI
João Capiberibe
PSB – AP
Lídice da Mata
PSB – BA
Kátia Abreu
PMDB- TO
Roberto Requião
PMDB – PR
Armando Monteiro
PTB- PE
Randolfe Rodrigues
REDE – AP
Telmário Mota
PDT - RR
Vanessa Grazziotin
PC do B - AM
Por partido
Por partido
PMDB
A favor - 9
Contra - 2
Indeciso - 1
Não quis responder – 4
Não localizado - 3
PT
A favor - 0
Contra- 10
Indeciso - 0
Não quis responder – 0
Não localizado -
PSDB
A favor - 10
Contra - 0
Indeciso - 1
Não quis responder – 0
Não localizado -
PSB
A favor - 1
Contra - 2
Indeciso - 2
Não quis responder – 1
Não localizado - 1
PP
A favor - 3
Contra - 0
Indeciso - 0
Não quis responder – 2
Não localizado - 2
PR
A favor - 3
Contra - 0
Indeciso - 0
Não quis responder – 1
Não localizado - 0
PSD
A favor - 2
Contra - 0
Indeciso - 0
Não quis responder – 2
Não localizado - 0
DEM
A favor - 4
Contra - 0
Indeciso - 0
Não quis responder- 0
Não localizado - 0
PDT
A favor - 1
Contra - 1
Indeciso - 1
Não quis responder – 0
Não localizado - 0
PTB
A favor- 1
Contra - 1
Indeciso - 1
Não quis responder – 0
Não localizado - 0
PRB
A favor - 0
Contra - 0
Indeciso - 1
Não quis responder – 0
Não localizado - 0
PC do B
A favor - 0
Contra- 1
Indeciso - 0
Não quis responder – 0
Não localizado - 0
PSC
A favor - 1
Contra - 0
Indeciso - 0
Não quis responder – 1
Não localizado - 0
PPS
A favor - 0
Contra - 0
Indeciso - 1
Não quis responder – 0
Não localizado - 0
PTC
A favor- 0
Contra - 0
Indeciso - 0
Não quis responder – 1
Não localizado - 0
PV
A favor - 1
Contra - 0
Indeciso - 0
Não quis responder – 0
Não localizado - 0
Rede
A favor -0
Contra - 1
Indeciso - 0
Não quis responder – 0
Não localizado - 0
Sem Partido
A favor - 1
Contra-0
Indeciso - 0
Não quis responder – 0
Não localizado - 0
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Comissão rejeita pedido de perícia
A presidente afastada Dilma Rousseff amargou ontem derrota na sessão da Comissão Especial do impeachment com a decisão dos senadores da base do governo do presidente em exercício Michel Temer de barrar a realização de uma perícia em decretos de créditos suplementares e pedaladas que sustentam o pedido de afastamento da petista.
A solicitação de perícia foi feita pela defesa de Dilma, que queria uma avaliação externa da conduta fiscal da presidente, além dos relatório do Tribunal de Contas da União.
O presidente da comissão, Raimundo Lira (PMDB-PB), ponderou que uma perícia internacional seria dispendiosa e sugeriu uma perícia interna, realizada por auditores do Senado.
A proposta foi acolhida pelo relator, Antonio Anastasia (PSDB-MG). Antes disso, entretanto, a atuação da uma das autoras do impeachment, a professora Janaina Paschoal, foi definitiva para derrubar a perícia.
Após a orientação de Anastasia, os senadores estavam inclinados em aceitar o pedido. Janaina criticou a proposta. “Esse pedido de perícia não se sustenta.
Os técnicos do TCU foram em número de 16, pelo que levantei; são os maiores conhecedores da matéria no País. O trabalho foi feito com perfeição, são técnicos concursados.” Os senadores da comissão decidiram cancelar a sessão que seria realizada hoje para ouvir testemunhas. A perspectiva era de que a sessão de ontem entrasse pela madrugada, o que comprometeu os trabalhos de hoje. A comissão retomará as oitivas na segunda-feira.