O Estado de São Paulo, n. 44795, 09/06/2016. Internacional, p. A9

Ataque de palestinos em restaurante de Tel-Aviv deixa 4 mortos e 6 feridos

Homens dispararam dentro de centro comercial, foram dominados e presos pela polícia; foi o pior atentado desde o início da onda de violência, há oito meses; nenhum grupo reivindicou a autoria da ação, tratada por autoridades como terrorismo

Por: Renata Tranches

 

Dois palestinos assassinaram quatro pessoas e deixaram ao menos seis feridos ao abrirem fogo num centro comercial e de restaurantes em Tel-Aviv, capital financeira e uma das mais importantes cidades israelenses.

Os dois atiradores foram dominados pela segurança local e um deles – baleado durante troca de tiros – foi operado no mesmo hospital, o Ichilov, para onde foi levada a maioria das vítimas do ataque. O outro foi preso e interrogado. A ação foi considerada a mais grave desde que teve início a onda de terror, há oito meses, com vários ataques com facas de ativistas palestinos contra cidadãos israelenses

Embora nenhum grupo tivesse reivindicado o atentado, as autoridades tratavam a ocorrência como ato de terrorismo. O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, que retornou de Moscou momentos depois da ação, foi ao local do ataque e disse que seu governo “dará uma resposta”.

“Mantivemos uma reunião sobre a série de ofensiva e medidas de defesa que implementa- remos para atacar esse grave fenômeno dos ataques a tiros. Eles certamente nos desafiam, mas daremos uma resposta”, declarou Netanyahu, ao lado de Avigdor Lieberman, que passou a integrar o governo como ministro da Defesa nos últimos dias.

Um tuíte da chancelaria de Is- rael informou que Ismail Haniyyeh, um dos líderes do Hamas – grupo que controla a Faixa de Gaza e organização considerada terrorista por vários países –, parabenizou os atiradores. Uma outra conta no Twitter, que teria ligações com o Hamas, sugere que novos ataques serão realizados no mês do Ramadan, que começou na segunda-feira.

O ataque ocorreu no complexo comercial Sarona, inaugurado há pouco tempo, formado por vários restaurantes e lojas e muito frequentado por turistas. Uma testemunha dos disparos, o vendedor Avi Levi, de 31 anos, afirmou ao Estado que se preparava para comer seu hambúrguer quando os dois homens começaram atirar no restaurante ao lado. Segundo Levi, eles estavam vestidos como os religiosos ultraortodoxos e usavam quipá.

Antes de atirar, contou o israelense, eles gritaram “Alla-u akbar” (“Deus é grande”, em árabe). Ele disse ter ouvido primeiro dois disparos e, em seguida, mais sete. Ele relatou que as pessoas corriam desesperadas e tentavam se proteger. Levi disse que esse foi o primeiro ata- que terrorista que testemunhou. “Em Jerusalém, as pessoas estão mais preparadas para lidar com essas situações, responder a um ataque mais rapidamente, mas aqui em Tel-Aviv, não”, afirmou.

Na frente do Sarona, onde a imprensa se concentrava, um rabino surgiu e fez uma oração diante das câmeras. Segundo a polícia, não havia informação de inteligência sobre a iminência de uma ação terrorista em Tel-Aviv.

Segundo informações oficiais, os atiradores são de uma vila perto da cidade palestina de Hebron na região da Cisjordânia. Uma emissora de TV local afirmou que os dois pertenciam à mesma família e teriam comido no restaurante antes de iniciar o ataque.