O Estado de São Paulo, n. 44788, 02/06/2016. Economia, p. B1

PIB recua 0,3% e volta ao nível de 2011

Apesar de negativo, número do primeiro trimestre veio melhor que o esperado pelo mercado financeiro, que previa, na média, uma queda de 0,8%; para analistas, isso pode significar que o fundo do poço está mais perto, com perspectiva de crescimento em 2017

Por: Antonio Pita / Daniela Amorim / Idiana Tomazelli / Vinicius Neder

 

A economia brasileira manteve o quadro de recessão no primeiro trimestre do ano, com uma queda de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de toda a riqueza gerada na economia). Comisso, a atividade econômica recuou cinco anos, e voltou ao patamar do primeiro trimestre de 2011, início do governo Dilma Rousseff, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da queda, o resultado foi melhor que o esperado pelo mercado financeiro, que apontava, na média, para uma queda de 0,8%. Segundo analistas, a queda menos acentuada indica que o fundo do poço da atividade econômica está cada vez mais próximo. Uma perspectiva de melhora permanece no longo prazo, com a postas numa possível estabilização da atividade no segundo semestre e avanço somente em 2017. “O número do PIB em si está mais alto, mas, tirando a inflação, ele equivale a janeiro de 2011”, disse Alexandre Cabral, professor da FIA e blogueiro do Estadão.

“Paramos no tempo.” Na comparação com o primeiro trimestre de 2015, a economia brasileira encolheu 5,4%, o oitavo trimestre negativo seguido nessa comparação , o equivalente a dois anos completos de retração. Houve redução acentuada no consumo das famílias e os investimentos voltaram a recuar. A contribuição positiva para o PIB foi do setor externo, mas por um motivo ruim: a recessão inibiu a demanda interna e diminuiu as importações em21,7%emrelação ao primeiro trimestre de 2015, a maior queda desde 1996.

“Apesar da surpresa positiva, há sinais de que o PIB no segundo trimestre tenha uma queda maior do que esperávamos anteriormente.

Para o segundo semestre, os indicadores antecedentes sugerem uma relativa estabilidade”, disse o economista Rodrigo Miyamoto, do Departamento de Pesquisa macroeconômica do Itaú.

Para o IBGE,o retrato da economia pouco mudou na passagem do ano passado para o primeiro trimestre deste ano. A redução no ritmo de queda do PIB teve influência de uma base de comparação muito baixa, porque vinha de quatro trimestres de quedas consecutivas. Após meses seguidos de resultados negativos, as perdas foram menores na indústria, no comércio, nos serviços e nos investimentos, enquanto que o consumo do governo registrou até avanço. No entanto, não houve melhora ou qualquer reversão de tendência na atividade econômica, afirmou Claudia Dionísio, gerente das Contas Nacionais Trimestrais no IBGE.

Nos 12meses terminados em março, o PIB acumulou recuo de 4,7%, o pior resultado da série histórica das Contas Nacionais Trimestrais, iniciada em 1996. Conforme pesquisa com instituições do mercado financeiro feita pelo serviço AE Projeções, as expectativas preliminares para o PIB fechado de 2016 vão de declínio de 0,8% a 4%, com mediana negativa de 3,5%. Em março, essa previsão era de retração de 1,04% a 4,5%, com mediana negativa de 3,6%. / ANTONIO PITA, DANIELA AMORIM, IDIANA TOMAZELLI E VINICIUS NEDER