Ministro diz que fez 'leitura multidisciplinar' da política

Carla Araújo

04/06/2016

 

 

O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Torquato Jardim, afirmou ontem, 03, em resposta ao Estado que sua fala em tom cético em relação à efetividade da Operação Lava Jato é resultado de uma “sequência de perguntas em face de fatos concretos” e na realidade ele fazia uma reflexão em uma situação específica, já que ele participava de um congresso de Ciência Política e de Direito Eleitoral e estava fazendo “uma leitura multidisciplinar do mundo político e eleitoral”. Torquato também rechaçou a ideia de que tenha feito negociações para chegar ao cargo.

“Daí a sequência de perguntas em face de fatos concretos: do impeachment do presidente Collor, à CPI dos anões do Orçamento, ao mensalão (tudo quanto foi revelado no julgamento do STF), à operação Lava Jato” (amplamente revelada na imprensa e em sessões de comissões do Congresso Nacional; demonstrando que já estavam em curso os escândalos financeiros durante o julgamento do mensalão) - isto tudo posto, resulta a pergunta sobre a expectativa do quanto irá resultar efetivamente de mudança na ética pública. É, pois, pergunta e reflexão, e não afirmação de dúvida”, disse o ministro.

Amigo. Torquato afirmou ainda que sua declaração “diante da perspectiva crítica da histórica não resulta impedimento algum de engajamento com o projeto de governo do presidente Michel Temer”. O ministro rechaçou ainda que tenha negociado para chegar ao posto. “Não houve ‘negociação’ para a escolha ao Ministério. Somos amigos pessoais desde 1982 quando o substituí em aulas de Direito Constitucional na PUC-SP.”

Torquato justificou suas críticas a outros temas afirmando que dentro do contexto buscou referências históricas do país. A obrigatoriedade do voto, por exemplo. “Falei em favor do voto voluntário. Foi nesse contexto que busquei as expressões clássicas de Gilberto Freire - o voto obrigatório tira o eleitor da senzala e o leva à casa grande sem a certeza de que sua vontade condicionará a atuação do eleito e de seu partido”, disse. “A expressão ‘sociedade periférica’ é antiga na esquerda acadêmica desde a década de 1950. Em síntese, trata-se de trabalho acadêmico de análise e resumo das críticas postas por tantos outros professores de Direito, História e Sociologia.”

Sobre o uso da expressão “buraco negro”, o ministro afirmou que ela tem a ver com a proibição do financiamento de eleições por pessoas jurídicas. “E foi usada por vários outros estudiosos e alguns magistrados eleitorais, em face do desafio que é formatar uma campanha com tanto recurso a menos”.