Título: Novo ministro, mesma toada
Autor: Lyra, Paulo de Tarso; Amado, Guilherme
Fonte: Correio Braziliense, 01/11/2011, Política, p. 05

Na posse de Aldo Rebelo no Esporte, Dilma defende Orlando Silva e diz que Planalto não mudará posições contestadas pela Fifa, como a meia-entrada

A presidente Dilma Rousseff aproveitou ontem a cerimônia de posse do novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, para reforçar que a saída de Orlando Silva não significa um rompimento com o PCdoB — o ato, inclusive, acabou se transformando em um desagravo ao ex-ministro. Mais do que isso, a presidente frisou que não haverá mudanças na estratégia política do ministério. Há duas semanas, quando a queda de Orlando parecia iminente, a situação foi comemorada pelo secretário-geral da Fifa, Jerôme Valcke, e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira. O cartola, inclusive, prestigiou a cerimônia no Palácio do Planalto. "Ele (Aldo) tem plenas condições de dar continuidade às políticas prioritárias do ministério que hoje está assumindo, e estabelecer, desde logo, relações claras com todos os entes envolvidos na preparação da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos", destacou a presidente.

O recado foi mais do que direto: as convicções do governo federal em relação a diversos embates com a Fifa e com a CBF, especialmente na questão da meia-entrada e da legislação de combate à pirataria, não serão abandonadas. Para não restarem dúvidas, Dilma afirmou: "Estou certa de que, como novo ministro do Esporte, (Aldo) saberá empreender, realizar e, quando for o caso, negociar a busca de soluções em que todos ganhem, principalmente e especialmente o Brasil e o povo brasileiro, sem que a ninguém seja imposto abdicar de princípios e de direitos legais em vigor no país".

Teixeira entrou na fila de cumprimentos ao ministro, mas não quis comentar a mudança na pasta nem o que isso pode representar na relação daqui para a frente. Mais uma vez, ele foi solenemente ignorado pela presidente Dilma Rousseff durante a cerimônia. Ela cumprimentou, sem citar nomes, os presidentes dos clubes de futebol e destacou a presença de Pelé na plateia. "Cumprimentar o nosso querido Pelé, embaixador honorário para a Copa do Mundo de 2014, e que nos honra neste momento."

Cartolas Além de Teixeira, estiveram na posse o ex-jogador de futebol Cafú, o ex-presidente do Vasco e ex-deputado federal Eurico Miranda e o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez. Com um botom do "Timão" na lapela feito de ouro maciço, Sanchez disse que a troca de ministros não altera a relação da pasta com os clubes. "Eles não têm nada a ver com a gente, somos entidades privadas. Mas aqui no Brasil acontecem coisas estranhas", ironizou ele ao Correio.

O novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, garantiu que não vai renovar os atuais contratos com ONGs e pretende priorizar, daqui para frente, convênios diretos com governos estaduais e prefeituras. Aldo prometeu que hoje ainda deve ser anunciar os primeiros nomes de sua equipe, possivelmente o chefe de gabinete e o secretário-executivo do ministério.

Ex-secretária municipal de Esporte de São Paulo, a comunista Nádia Campeão pode estar entre os indicados, pois já foi elogiada pelo novo ministro e estava presente na cerimônia de transmissão de cargo no Ministério do Esporte. "O Aldo não me falou nada, ele tem total autonomia para escolher os auxiliares, ainda mais para esses cargos mais próximos. É claro que a Nádia é um grande nome e fez um excelente trabalho", ressaltou o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo.

Loteamento A militância comunista lotou ontem o Salão Oeste do Palácio do Planalto para dar demonstrações de força e de unidade na posse do novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo. O recado de que a crise não afastará a legenda da pasta foi passado pelo presidente comunista, Renato Rabelo, o primeiro a discursar durante a cerimônia de transmissão do cargo, já no ministério. A própria presidente Dilma, no entanto, já havia dito que o afastamento de Orlando Silva significava a perda de um "colaborador", mas a manutenção de um "aliado".