Machado acusa Renan de receber propina, diz jornal

04/06/2016

 

 

De acordo com ‘O Globo’, ex-presidente da Transpetro revelou em delação ter arrecado e feito repasses a trio de políticos do PMDB

O ex-senador e ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou em seus depoimentos na delação premiada, que fechou com a Procuradoria- Geral da República na Operação Lava Jato, ter arrecadado e pagado mais de R$ 70 milhões desviados da Petrobrás para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP).

As informações foram reveladas ontem pelo site do jornal O Globo e confirmadas pelo Estado com uma fonte que atua nas investigações. A reportagem diz ainda que a soma mais expressiva, R$30 milhões, teria sido destinada a Renan, o principal responsável pela indicação de Machado para a presidência da Transpetro, subsidiária da Petrobrás e maior empresa de transporte de combustível do País.

A delação foi homologada em 24 de maio pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki e, com isso, pode ser utilizada para novas investigações e até complementar outras já em curso na Lava Jato.

O filho de Machado, Expedito Machado, também fez acordo de delação premiada.

Conforme investigadores, ele atuava como operador financeiro do esquema de corrupção.

Renan indicou Machado para a presidência da Transpetro em 2003, no início do primeiro Mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e manteve apoio para a permanência dele no cargo até o ano passado, mesmo depois de ter sido acusado por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, de receber propina.

Segundo a reportagem, Sarney também recebeu uma soma significativa, conforme a contabilidade do ex- presidente da Transpetro.

Machado disse que repassou cerca de R$ 20 milhões para o ex-presidente durante o período que esteve à frente da estatal.

Romero Jucá, que ficou uma semana como ministro do Planejamento  do governo do presidente em exercício o Michel Temer, teria sido destinatário de quantia similar à de Sarney, cerca de R$ 20 milhões. Machado disse ainda, segundoa reportagem, que abasteceu também contas dos senadores Edison Lobão(PMDB-MA)e Jader Barbalho (PMDB-PR).

O ex-presidente da Transpetro também teria falado sobre as somas repassadas aos padrinhos políticos dele e que teria indicado os contratos e os caminhos percorridos pelo dinheiro até chegar aos destinatários finais.

Todos os políticos citados por Machado negam o recebimento de valores ilícitos.

Deputado federal. A Polícia Federal encerrou na quarta- feira, o inquérito 3984 do STF, instaurado no âmbito da Lava Jato, que apura eventual envolvimento de investigados com prerrogativa de foro em crimes de corrupção e desvio de recursos ocorrido na Diretoria de Abastecimento da Petrobrás. O deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) e um ex-assessor, Luis Carlos Batista de Sá, foram indiciados pela PF.

Foram identificados indícios de autoria e materialidade pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Aníbal Gomes é aliado de Renan.

O inquérito foi instaurado para investigar o suposto recebimento de valores por parte de Aníbal e de Renan em face de contratos firmados entre a Transpetro, a Petrobrás e entidade representante da categoria dos práticos e, ainda, em contratos celebrados entre a estatal petrolífera e a empresa Serveng Civilsan. Estas informações foram relatadas pelo ex- diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa.

Em 28 de abril, Aníbal tirou uma licença de 140 dias para tratamento de saúde.

No inquérito policial, indiciar corresponde a imputar a um suspeito a autoria de determinado ilícito penal. Não significa, contudo, que o Ministério Público Federal concordará com os argumentos e denunciará o envolvido.

O indiciamento ocorreu por decisão de Teori Zavascki e resulta das provas colhidas na investigação, especialmente da análise de dados referentes ao afastamento do sigilo bancário e fiscal, além de prova testemunhal, documental e relatórios de inteligência.