Renan volta a criticar Janot e nega acordão

Julia Lindner e Isabela Bonfim

10/06/2016

 

 

Presidente do Senado diz que pedido de prisão é ‘barbaridade’ que atinge todo o Legislativo.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), voltou a criticar ontem a decisão da Procuradoria-geral da República de pedir a sua prisão e a do senador Romero Jucá (PMDB-RR). Apesar de declarar que prefere aguardar o Supremo Tribunal Federal para se manifestar, Renan falou sobre o assunto pelo menos três vezes.

Em entrevistas coletivas à imprensa e no plenário da Casa, o peemedebista insinuou que o pedido da Procuradoria é absurdo e atinge o Legislativo como um todo. “Toda vez que acontece uma barbaridade contra a pessoa, a democracia corrige. Pode até demorar, mas corrige. O grande problema é quando essa barbaridade é contra as instituições. Aí ninguém corrige, perdem-se os avanços conquistados”, afirmou Renan.

A base para os pedidos de prisão dos senadores tem relação com as gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado envolvendo os peemedebistas. As conversas sugerem uma trama para atrapalhar as investigações do esquema de corrupção da Petrobrás pela Operação Lava Jato.

Tese. Renan negou reiteradamente de que haveria uma articulação no Senado para barrar eventuais prisões, como mostrou o Estado. Para o senador, a tese é um “absurdo”. Renan alega que não interferiu nas investigações da Operação Lava Jato, apenas expressou sua opinião, o que não pode ser considerado um delito pelo Supremo. No Congresso, líderes referendam a tese do presidente, avaliando que o conteúdo que veio a público não é suficiente para levar um parlamentar à prisão.

“Não existe e não existirá (acordão), porque o Senado praticará sempre a separação dos poderes. Nós não sabemos nem o conteúdo das delações, imagina fazer acordo, quem está dizendo isso é porque quer mais uma vez embaçar, deturpar as coisas”, afirmou. Caso o STF aceite os pedidos da PGR, Renan e Jucá só podem ser mantidos presos após aprovação de seus colegas de Casa.

“Eu mais do que qualquer um tenho total interesse nos esclarecimentos dos fatos. Já fiz da minha parte o que era preciso fazer, compareci, fiz depoimento, entreguei todos os meus sigilos e estou à disposição para continuar colaborando. Tenho conduzido isso tudo com tranquilidade e serenidade”, disse Renan.

Na última terça-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo um pedido de prisão de Renan e Jucá. É a primeira vez que a Procuradoria pede a prisão de um presidente do Congresso. O caso está sendo analisado pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo.

Tranquilidade

“Eu mais do que qualquer um tenho total interesse nos esclarecimentos dos fatos. Já fiz da minha parte o que era preciso fazer, compareci, fiz depoimento, entreguei todos os meus sigilos e estou à disposição para continuar colaborando. Tenho conduzido isso tudo com tranquilidade e serenidade”

Renan Calheiros (PMDB-AL)

PRESIDENTE DO SENADO