Após suspender nomeações, Temer muda comando dos Correios

Catarina Alencastro

10/06/2016

 

 

Três dias depois de o presidente interino, Michel Temer, anunciar que não faria qualquer nomeação para a presidência ou diretoria de estatais e fundos de pensão até que o Congresso aprovasse os projetos que proíbem indicações políticas para esses órgãos, foi publicada ontem, no Diário Oficial da União, a nomeação do novo presidente dos Correios, Guilherme Campos Júnior. O escolhido por Temer é presidente em exercício do PSD, partido da base de apoio do governo.

Campos tomou posse ontem mesmo, durante reunião da diretoria executiva da estatal, em Brasília. Estavam presentes o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab (também do PSD), e membros do Conselho de Administração dos Correios e da CorreiosPar.

MUDANÇAS EM PROJETO

Perguntado se não haveria contradição entre o anúncio feito por Temer e a nomeação de ontem, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, afirmou que a escolha não contraria a decisão do presidente:

— Isso (a nomeação) devia ter saído já há algum tempo. Não mudamos de opinião. Agora, empresas públicas não podem ficar acéfalas. Tínhamos a previsão de que essa matéria seria votada na Câmara ontem. Acontece que, no debate que eu tive com líderes, surgiram dúvidas de mérito. Vamos mudar algumas coisas na Câmara já combinado com o Senado.

Segundo o ministro, o projeto de responsabilidade das estatais está sendo negociado e deve sofrer modificações. Entre os pontos que devem ser alterados, acrescentou Geddel, está o que exige que o nomeado tenha dez anos de experiência no setor. A ideia é que a experiência não precise ser na área em que ele vai atuar. Outro ponto é a paridade na composição de conselhos.

Em comunicado divulgado ontem pelos Correios, durante a posse, o novo presidente da estatal manifestou seu compromisso em atuar em prol da empresa. “Não faltará trabalho, dedicação e comprometimento para que os Correios possam ser sempre aquela empresa de confiabilidade e prestação de serviços que era parâmetro para os brasileiros de todo o País. Viemos aqui com o desafio de somar com todos aqueles que acreditam nos Correios”, afirmou.

EMPRESA VIVE CRISE

Seu trabalho não será fácil. Os Correios passam por grave crise financeira. A estatal sofre com a falta de dinheiro para honrar seus compromissos, incluindo o pagamento de salários.

— Todos juntos, ministérios e governo federal, vamos trabalhar para superar o momento difícil que vivemos no Brasil, na economia, e que também vive os Correios. Temos um trabalho a ser feito em curto prazo de tempo, para preservar a extraordinária imagem que têm os Correios, de referência na prestação de serviços públicos — ressaltou Kassab, durante a solenidade de posse do novo presidente dos Correios.

 

 

O globo, n. 30258 , 10/06/2016. Rio, p. 20.