Delegada da Lava Jato é a 1ª em lista para Temer

01/06/2016

Julia Affonso

Fausto Macedo

Mateus Coutinho

Ricardo Brandt

 

A delegada de Polícia Federal Erika Mialik Marena, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, foi eleita em primeiro lugar para a lista tríplice que será levada ao presidente em exercício Michel Temer para a direção-geral da corporação. Ela recebeu 1065 votos.

Em segundo lugar ficou o delegado Rodrigo de Melo Teixeira, com 924 votos, e em terceiro, Marcelo Eduardo Freitas com 685. Ambos atuam na Polícia Federal em Minas Gerais.

A eleição, ocorrida anteontem, é uma iniciativa inédita da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF). Além de Temer, a entidade pretende entregar o resultado do pleito também ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.

Não é tradição da pasta seguir modelo de escolha de nome a comandar a Polícia Federal. A associação quer que o presidente em exercício selecione um dos nomes para assumir a direção-geral da Polícia Federal, cargo ocupado desde 2011 pelo delegado Leandro Daiello.

Na atual gestão, a Polícia Federal executou as mais relevantes operações contra a corrupção no País, a maior delas a Lava Jato. A indicação do chefe da PF por lista tríplice é uma das bandeiras dos delegados federais.

Para eles o modelo de escolha contribui para o fortalecimento da instituição, meta prevista na proposta de emenda constitucional que prevê autonomia à Polícia Federal.

Após ser empossado no cargo, Moraes afirmou que o atual diretor seria mantido no cargo.

A manifestação fazia parte de um esforço do governo interino de tentar dissipar suspeitas de que era contra as investigações da Lava Jato. No seu primeiro discurso enquanto presidente em exercício, Temer afirmou que a operação deveria ser protegida “contra qualquer tentativa de enfraquecê-la”. 
Recentemente, porém, dois ministros de Temer– o titular do Planejamento, Romero Jucá, e o chefe da pasta da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira – acabaram deixando o cargo após divulgação de áudios de conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que firmou acordo de delação premiada com o Ministério Público já homologada pelo Supremo Tribunal Federal.

Nas gravações, Jucá, alvo de dois inquéritos, falava em “estancar a sangria” representada pela investigação da Lava Jato. Anteontem, o ministro da Transparência pediu demissão após forte pressão de políticos, servidores federais e até de organismos de fiscalização internacionais. A decisão foi tomada um dia após a divulgação de áudios de conversas nas quais ele discute estratégias de defesa de investigados da Lava Jato. Nos áudios divulgados pela TV Globo, o ministro faz sugestões sobre a defesa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que é investigado na Lava Jato, além de críticas à operação.

 

Delação. Ontem, a Advocacia- Geral da União discordou de ação direta de inconstitucionalidade apresentada ao Supremo pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na qual sustentava que delegados da PF não poderiam fechar acordos de delação premiada e que essa era uma atribuição exclusiva do Ministério Público. O parecer da AGU de Temer, porém, diz que a delação é parte do trabalho da PF./ COLABOROU ISADORA PERON

 

Ranking. Erika Mialik Marena recebeu maioria de votos em disputa na Polícia Federal

Segundo. Rodrigo de Melo Teixeira recebeu 924 votos

Terceiro. Marcelo Eduardo Freitas obteve 685 votos

 

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Corregedora vai investigar Silveira

01/06/2016

Gustavo Aguiar

Um procedimento aberto ontem pela corregedora nacional de Justiça, Nancy Andrighi, contra o ex-ministro da Transparência Fabiano Silveira apura se ele favoreceu indevidamente interesses privados quando integrava o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A investigação tem como base áudios gravados pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.

A corregedora considera haver indícios de irregularidades nas conversas travadas entre ele e Renan Calheiros (PMDB-RJ), sobre as investigações da Lava Jato envolvendo o presidente do Senado. Uma dúvida, no entanto, sobre qual órgão deve punir condutas de ex-membros do CNJ poderá beneficiá-lo.

Como ele não é magistrado de carreira e estava “emprestado” pelo Senado ao conselho, as sanções disciplinares previstas pelo CNJ não têm mais efeito. A corregedora poderá propor uma punição contra Silveira ao Senado, de onde ele é funcionário concursado ou ao MP. Mas não há garantia de que o pedido será acatado. / GUSTAVO AGUIAR

 

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Delação de filho de Machado causa apreensão

01/06/2016

Adriano Ceolin

Andreza Matais

 

A cúpula do PMDB no Senado ficou apreensiva com a informação de que Expedito Machado Neto, o Did, fez acordo de delação premiada. Pelo acordo firmado com o Ministério Público, será repatriada parte dos recursos relacionados ao esquema de corrupção da Petrobrás.

Como o Estado revelou ontem, o filho do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado também firmou acordo de delação com o Ministério Público, acompanhando a decisão tomada pelo pai. Homologados pelo Ministério Público, os dois acordos tramitam conjuntamente.

Contudo, as revelações feitas por Did causaram mais preocupação à cúpula do Senado do que os áudios gravados por Machado. Isso porque, segundo investigadores, Did seria operador de um fundo de investimentos no exterior abastecido com dinheiro de propina. Filho caçula de Sérgio Machado, Did mora em Londres.

 

Sem vínculo. Advogados de Did, Fernanda Tórtima e Antônio Pitombo disseram, por meio de nota, que ele “jamais teve vínculo com qualquer político, partido político ou funcionou como operador financeiro do PMDB e tampouco controla ou detém fundo de investimento na capital da Inglaterra”.

Cerca de R$ 700 milhões teriam passado pelas contas do filho do ex-presidente Transpetro, segundo pessoas próximas à família. Apesar de apreensivos, integrantes da cúpula do PMDB já preparam a versão de que o dinheiro das contas de Did são exclusivamente de Machado. Os senadores avaliam que os dois não teriam como comprovar que os valores pertencem a políticos do partido.

 

O Estado de São Paulo, n. 44787, 01/06/2016. Política, p. A5