Igor Gadelha
10/06/2016
Segundo o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), presidente em exercício nega que Planalto atue para ajudar Cunha
O presidente em exercício Michel Temer negou a líderes da antiga oposição que seu governo esteja trabalhando para ajudar o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a se salvar do processo de cassação do qual é alvo na Casa.
“Meu governo não é uma ação entre amigos”, disse Temer, de acordo com o líder do DEM, deputado Pauderney Avelino (AM). Segundo o deputado amazonense, Temer afirmou que não há qualquer interferência do governo “na questão Cunha com o Legislativo”.
O líder do DEM se reuniu com Temer na manhã de ontem, 09, no Palácio do Planalto, ao lado dos líderes do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), do PSB, Paulo Foletto (ES), e do vice-líder do PPS, Arnaldo Jordy (PA). O encontro foi solicitado pelos líderes da antiga oposição.
De acordo com o líder do PSB, o presidente da República em exercício disse que não iria se envolver com o caso. “Ele disse que não ia se meter. Ele deixou claríssimo que a Câmara tem tamanho e autoridade para resolver isso”, afirmou Foletto.
Conselho. Opositores de Cunha acusam o Palácio do Planalto de atuar sobre o PRB, que possui cargos no governo, para convencer a deputada Tia Eron (PRB-BA) a votar a favor do peemedebista no Conselho de Ética, onde ele é alvo de processo que pode levar à sua cassação.
O voto de Tia Eron é considerado decisivo. Atualmente, o placar no conselho é de 10 votos contra e 9 a favor da cassação. Caso vote a favor, ela pode empatar, dando ao presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), o voto de minerva pela cassação.
Com sua fala, Temer pode ajudar Cunha indiretamente. Isso porque, ao negar interferência, ele também nega indiretamente apoio ao projeto de resolução encampado pelos líderes da antiga oposição que declara vago o cargo de presidente da Câmara, ocupado interinamente pelo deputado Waldir Maranhão (PP-MA).
Líderes do PPS, DEM, PSDB e PSB buscam apoio de outros colegas para votar o regime de urgência para tramitação do projeto, que é de autoria do deputado Roberto Freire (PPS-SP). Para isso, precisa de assinaturas de líderes que representem 257 deputados.
Até o momento, porém, apenas os líderes dos quatro partidos assinaram o pedido. PT, PMDB e partidos do Centrão, aliados de Cunha e principal base de sustentação de Temer, resistem a apoiar a proposta. A urgência não garante a votação, mas ajuda a pressionar por ela.
CCJ. Ontem, por falta de quórum, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara cancelou a reunião em que começaria a analisar o parecer que pode alterar o rito de votação do processo de cassação de Cunha no plenário. Foi a terceira tentativa frustrada de começar a análise do documento.
Com o cancelamento, a leitura do parecer foi adiada para a próxima terça-feira. A ideia dos adversários de Cunha, contudo, é adiar o máximo que puderem a análise, para evitar que o parecer seja votado antes de o caso do peemedebista chegar ao plenário.