Após uma série de críticas de parlamentares, o deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF), relator do recurso do presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), anunciou que permanecerá na função. Ele afirmou que fará um trabalho técnico e um parecer “absolutamente imparcial” sobre as irregularidades indicadas pelo peemedebista no processo de cassação aprovado pelo Conselho de Ética. Apontado como aliado de Cunha, Fonseca disse que não se sente impedido de relatar o recurso.

A primeira reação veio do Conselho de Ética, que decidiu enviar à CCJ cópia das notas taquigráficas nas quais Fonseca demonstrou posição favorável a Cunha. “Alguém que tem posição clara na defesa do representado não deveria ser relator”, disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).

“O que está sendo discutido aqui é se ele tem legitimidade e imparcialidade suficientes para fazer o enfrentamento desse recurso, que pode não só ter um desdobramento desfavorável ao trabalho do conselho, mas para todo o Parlamento. O julgamento tem de ser imparcial”, disse o relator do pedido de cassação no conselho, Marcos Rogério (DEM-RO).

Líderes partidários que defendem a perda do mandato de Cunha informaram que farão um esforço para tirar Fonseca do posto, mas, se os apelos não funcionarem, trabalharão na CCJ para derrotar seu parecer.

“Tudo aqui agora é Eduardo Cunha quem indica, Eduardo Cunha quem decide. Isso não me ofende. O rótulo de aliado de Eduardo Cunha que estão querendo me colocar, mas isso não me pesa em nada, até porque não me julgo ser aliado de Cunha”, afirmou Fonseca.

Operação. Deputados dizem acreditar que há um movimento para impedir que o plenário julgue o peemedebista em julho, antes do recesso. Os parlamentares avaliam que o Palácio do Planalto entrou em campo para tentar salvar Cunha. Ontem, o PSOL protocolou requerimento na Secretaria de Governo pedindo explicações sobre a reunião de Cunha com Michel Temer no domingo.