No Senado, Jucá já está livre de processo de cassação

08/06/2016

 

Em menos de duas semanas, pedido é arquivado sob alegação de falta de provas

O presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto (PMDB-AP), arquivou ontem o pedido de abertura de procedimento disciplinar contra o senador Romero Jucá (PMDB-RR). A decisão de João Alberto ocorreu no mesmo dia em que foi anunciado o pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de prisão de Jucá e outros dois peemedebistas, com base em gravações feitas por Sérgio Machado, expresidente da Transpetro. Jucá é acusado de tramar para barrar a Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal.

A representação contra Jucá foi protocolada no Conselho de Ética pelo PDT e entregue pelo senador Telmário Mota (PDT-RR), desafeto de Jucá em Roraima. A representação foi feita no último dia 24 de maio, e agora saiu a decisão do presidente do Conselho de arquivála. O partido queria a investigação de Jucá justamente por causa das gravações feitas por Sérgio Machado, consideradas por Janot suficientemente graves para embasar o pedido de prisão. Mas não pelo presidente do Conselho de Ética.

“A nosso sentir, não há qualquer dúvida de que o senador Romero Jucá abusou de suas prerrogativas constitucionais, pois realizou conversa incompatível com a conduta de um parlamentar”, diz a representação do PDT.

Segundo João Alberto, a Advocacia do Senado Federal emitiu parecer favorável ao arquivamento por razões técnicas: “Na referida petição não constaram os documentos que a deveriam instruir, nem o rol de testemunhas e nem a especificação das demais provas que se pretende produzir. Assim, a referida representação é insuficiente para abertura do procedimento”, informou, por escrito, a assessoria do senador.

Ontem, o senador Telmário decidiu protocolar outro procedimento contra Jucá, agora uma denúncia. Ele pede que o ex-ministro sofra processo disciplinar por tê-lo chamado, em entrevistas, de “bandido”.

 

 

O globo, n. 30256, 08/06/2016. País, p. 6.