Título: Brasil teme fracasso
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 26/10/2011, Economia, p. 11

O governo brasileiro teme que a União Europeia não consiga chegar a um acordo definitivo sobre um mecanismo que enfrente a turbulência na Zona do Euro na reunião de cúpula marcada para hoje, o que prolongaria a crise e a tornaria ainda mais grave. Essa possibilidade levou, ontem , a presidente Dilma Rousseff a novamente manifestar preocupação com a demora dos dirigentes europeus em alcançar um entendimento sobre as medidas necessárias para recolocar a economia nos trilhos.

"A falta de uma ação rápida só levará ao agravamento da crise, com sérias consequências políticas e sociais. Por outro lado, a saída da crise exige uma combinação equilibrada entre medidas de ajuste fiscal e de estímulo ao crescimento econômico e ao emprego", afirmou Dilma, em pronunciamento feito ao lado do presidente ucraniano, Viktor Yanukovitch, que está em visita ao Brasil.

Para o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, a hipótese de a cúpula europeia não anunciar hoje um plano de salvação da Zona do Euro não deve ser desprezada. "Não podemos excluir a possibilidade de que não tenha decisão. Seria uma insensatez, mas pode acontecer", salientou.

Ele disse que o Brasil está disposto a colaborar para a resolução do problema, mas que ainda não há definição sobre essa possível ajuda. "Temos que aguardar que eles cheguem num acordo. Antes disso, não podemos dizer o que podemos fazer", comentou. Na hipótese de um novo aporte ao Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil quer aumentar seu poder no organismo. "Mais dinheiro é igual a mais cotas. Foi isso que a presidente disse ontem ao primeiro-ministro do Canadá", disse, citando a conversa de Dilma com Stephen Harper na segunda-feira.

No pronunciamento, a presidente Dilma Rousseff fez ainda uma crítica velada à política de expansão monetária dos Estados Unidos, que vem provocando desvalorização do dólar em todo o mundo, e à política cambial da China, que distorce os fluxos de comércio em favor do país asiático. "Há que sempre evitar que alguns países transfiram para outros os custos de uma conjuntura difícil, seja por artifícios de controle cambial, seja por políticas monetárias excessivamente expansivas, seja por qualquer desequilíbrio financeiro", disse.