Agenda da OAS registra reunião com Lula após Lava Jato 

22/06/2016

 

 

Uma agenda apreendida pela Lava Jato na casa de um funcionário da OAS, em abril deste ano, registra a intensa movimentação do presidente da empreiteira, José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro, no mundo político antes de ser preso pela operação. O caderno prevê reuniões, almoços e jantares com políticos, muitos dos quais também passaram a ser investigados.

A agenda registra compromissos de Léo Pinheiro nos meses de abril e maio de 2014, a deflagração (março) da Lava Jato e pouco antes de ser alvo da Operação Juízo Final (novembro).

Os contatos agendados com partidos e políticos variados num período de apenas dois meses mostram o potencial de alcance de sua delação premiada.

São encontros agendados, a maior parte deles em hotéis de Brasília, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho e com o ex-assessor da presidente Dilma Rousseff Charles Capela de Abreu, na Casa Civil - todos alvos da Procuradoria.

A agenda foi encontrada em 14 de abril deste ano, nas buscas que tinham como alvo o funcionário da OAS Marcos Paulo Ramalho, secretário de Léo Pinheiro.

Na mesma agenda estão os encontros de Léo Pinheiro com outros presos da operação, como o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o lobista Julio Gerin Camargo, delator dos processos.

PSDB. Há ainda nomes que não havia sido citados, de partidos como o PSDB. O deputado federal Jutahy Júnior (PSDB-BA) é um dos que integra a lista. Outro nome que aparece na agenda de reuniões de Léo Pinheiro é o ex-deputado federal do PSB Alfredo Sirkis (RJ), um dos principais articuladores das campanhas de Marina Silva, em 2010 e 2014.

O ex-presidente Lula, procurado por meio da assessoria de imprensa do Instituto Lula, não comentou o caso.

Alfredo Sirkis não foi localizado pela reportagem. Gilberto Carvalho disse que “nunca se reuniu com o senhor Léo Pinheiro”.

A presidente afastada Dilma Rousseff informou, por meio de assessoria, que Charles Capela “não é - nem jamais foi - assessor”. “Até fevereiro de 2014, ele ocupava um cargo na Casa Civil. Jamais trabalhou diretamente com a senhora Presidenta da República”, diz o comunicado.

“O fato de investigadores da Operação Lava Jato terem apreendido na casa de um funcionário da OAS agenda com o registro de encontros do presidente da empreiteira com políticos, incluindo o senhor Charles Capela de Abreu, não comprova qualquer tipo de participação e envolvimento da presidenta.”

Jutahy afirmou que o encontro foi agendado a seu pedido. “Esteve comigo, da mesma forma que esteve comigo em 2010 e 2012.” O parlamentar disse que na ocasião foi acerta da contribuição de R$ 600 mil para sua campanha e para campanhas de deputados estaduais na Bahia. Desse valor, apenas a primeira parcela de R$ 300 mil foi paga, em agosto.”