Ministro liga 'centrão', que apoia Temer, a 'safadeza'

04/06/2016

 

 

Em entrevista, antes de assumir, titular da Transparência disse não acreditar que Lava-Jato mudaria o país

O ministro da Transparência, Torquato Jardim, disse em entrevista a um jornal do Piauí, em maio, que o chamado Centrão, base atual do governo Temer, atua “em nome da corrupção e da safadeza”. O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Torquato Jardim, declarou não acreditar que a Operação Lava-Jato provoque mudanças concretas no Brasil e fez críticas aos partidos políticos, a que chamou de "balcão de negócios", e ao "centrão", grupo que reúne 13 legendas no Congresso, que pressiona o presidente interino Michel Temer “em nome da corrupção e da safadeza". As declarações foram dadas em 18 de maio, treze dias antes de ele assumir a pasta, mas publicadas pelo “O Diário do Povo do Piauí” anteontem, dia de sua posse.

Torquato assumiu o ministério após a demissão de Fabiano Silveira, flagrado em conversa orientando o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a não antecipar informações à Lava-Jato.

— O que mudou com o impeachment de Collor? O que mudou no Brasil depois da CPI do Orçamento quando os sete anões foram cassados? O que mudou com o mensalão? O que vai mudar com a Lava-Jato? — argumentou o novo ministro. — Enquanto o mensalão estava sendo condenado, a Lava Jato estava sendo operada. Eles aconteceram ao mesmo tempo.

O ministro reclamou da mobilização do “baixo clero” do Congresso que, segundo ele, “se reúne contra o presidente Temer”:

— Partido político hoje é uma central de negócios, todos com o mesmo programa, todos querem a mesma coisa. Você tem 35 partidos políticos no TSE, 28 no parlamento, 28 fazendo manobra para ganhar dinheiro, ganhar cargo público. Já se formou um novo centrão, com quase 20 partidos, 350 deputados para fazer pressão no presidente Michel Temer para conseguir mais cargos. É isso que é o partido político hoje no Brasil, um balcão de negócios — disse. — Isso não é governabilidade, é em nome da corrupção e da safadeza.

 

 

O globo, n. 30252, 04/06/2016. País, p. 7.