'Não vim para cuidar de privatização', diz Pedro Parente

Ramona Ordoñes

04/06/2016

 

 

A rádio, presidente da Petrobras afirma que foco é reduzir dívida

O novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, garantiu que não existe qualquer plano de se discutir a privatização da estatal no governo do presidente interino, Michel Temer. Em entrevista à Rádio Gaúcha, o executivo reafirmou que sua missão é “resgatar” a empresa e que terá como foco aumentar a produção de petróleo no pré-sal e reduzir o alto nível de endividamento.

— Não vim para cuidar de privatização da Petrobras. Não é este meu mandato. Não vou perder tempo com essa questão porque não é uma questão que está madura para uma discussão na sociedade. O que é minha missão é o resgate da empresa — disse. — Nós queremos não ser apenas a maior empresa brasileira, queremos ser a melhor empresa brasileira.

O presidente da Petrobras reafirmou que a privatização não é um tema em questão:

— (A privatização) é uma decisão de acionista controlador. E eu não vejo essa discussão acontecer no governo. E não foi parte da conversa do presidente Temer comigo.

Na entrevista à rádio, Parente voltou a garantir que não haverá indicações políticas na nomeação de diretores.

— Não haverá indicação de partidos para diretores, não faz sentido partidos estarem indicando diretores numa empresa que tem uma missão técnica de grande responsabilidade de explorar e produzir petróleo. Isso já acabou. Não há diretores hoje aqui na empresa indicados por partidos políticos e não haverá enquanto eu estiver aqui — garantiu.

AJUDA NA LAVA-JATO

O executivo destacou que a questão mais urgente e que será seu foco é continuar o equacionamento da dívida da estatal (R$ 450 bilhões), e conseguir sua redução a um nível mais compatível com a geração de caixa. Ele voltou a descartar a possibilidade de uma capitalização, dada a situação difícil do Tesouro Nacional:

— Se o problema foi gerado dentro da companhia, nós temos que gerar os meios para resolver. E isso passa por desinvestimentos, que incluem a venda de alguns ativos. Mas a gente acha que pode trabalhar na linha de fazer parcerias, onde já temos experiências de sucesso no upstream (exploração e produção). Há outras empresas de economia mista que têm experiência de sucesso, uma delas é o Banco do Brasil.

Parente também voltou a garantir que a companhia continuará contribuindo com as investigações da Lava-Jato e fazendo as apurações internas.

— Todo apoio está sendo dado e vai continuar a ser dado para que todas as questões apareçam e venham à superfície e qualquer um que tenha feito coisas que não são corretas, ilegais, será realmente punido.

Com relação à política de preços dos combustíveis, o presidente voltou a garantir que a companhia terá total autonomia a tomar decisões que serão puramente empresariais:

— (A definição dos preços) tem que ser como é, natural, uma decisão empresarial. A gente tem custos para produzir, precisa fazer investimentos, tem que dar o retorno adequado aos nossos acionistas. E o principal acionista, não é o Tesouro Nacional, é a sociedade brasileira. Esse conjunto de coisas, como em qualquer empresa, faz com que a empresa tenha que pensar com autonomia nos preços que cobra para quem fornece.

Parente voltou a criticar a atual política de conteúdo local, previsto na Lei de Partilha de exploração no pré-sal, que obriga a Petrobras a ser operadora única e ter, no mínimo, 30% de participação.

 

 

O globo, n. 30252, 04/06/2016. Economia, p. 22.