Léo Pinheiro, da OAS, pretende confirmar que tríplex era de Lula

05/06/2016

 

 

Executivo deve dizer ainda que fez obra em sítio a pedido do petista, afirma revista

 

Apesar das negativas do expresidente, o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, confirmou nas negociações para a delação que Lula era de fato o dono do tríplex no Guarujá e que fez reformas no sítio de Atibaia a pedido do petista, segundo a revista. Em negociação para fechar um acordo de delação premiada com a Lava-Jato, o ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, teria dito aos procuradores que pagou por reformas no tríplex do edifício Solaris, no Guarujá, e em um sítio de Atibaia (SP) a pedido do expresidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo reportagem da revista “Veja” publicada neste fim de semana. Pinheiro também teria afirmado que o tríplex 164-A do edifício Solaris sempre foi tratado, na empresa, como “o apartamento de Lula”. Ainda segundo a revista, o empreiteiro teria afirmado que Lula atuava como “lobista da OAS” e teria tratado diretamente com ele sobre as melhorias que gostaria que fossem realizadas no sítio Santa Bárbara. O petista nega que seja dono da propriedade e diz que não se envolveu com detalhes da reforma.

De acordo com a publicação, o executivo teria citado pagamento de propina para pelo menos 30 políticos de partidos diversos, como PT, PMDB e PSDB. Entre eles está o senador e excandidato à Presidência Aécio Neves (PSDB-MG); o secretário de Governo da Presidência, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA); e o senador Romero Jucá (PMDB-RR). Estariam ainda na lista o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afastado do mandato e da presidência da Câmara.

O sítio Santa Bárbara era usado pelo ex-presidente em momentos de folga e registrado em nome de sócios de seu filho, Fábio Luis Lula da Silva, o Lulinha. A pedido de Lula, a OAS teria construído um campo de futebol e um tanque de peixes, entre outras melhorias.

Pinheiro também teria dito que, a pedido de Lula, empregou o marido da ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha, amiga do expresidente. Ela foi demitida do cargo, depois que foi flagrada em tráfico de influência. De acordo com a revista, Pinheiro também teria pagado, a partir de então, uma mesada para Rosemary, a pedido do petista.

Por meio de nota, o Instituto Lula não comentou as informações trazidas pela reportagem, mas criticou os autores e a revista “Veja” pelo que chamou de “publicação sistemática de mentiras, calúnias e difamações” contra o ex-presidente.

Em depoimento à PF, no início do ano, Lula negou ter solicitado à OAS que realizasse reformas no sítio usado por ele, em Atibaia. Em nota divulgada depois de o imóvel ser alvo de operação da PF, Lula sustentou que amigos e parentes “acompanharam parte da reforma e auxiliaram no que era possível”.

“A partir de janeiro de 2011, quando o ex-presidente e seus familiares passaram a frequentar o sítio em dias de descanso juntamente com os proprietários, também houve o auxílio para a manutenção do local”, escreveu a assessoria do expresidente, na época.

Em outra nota, Lula também admitiu ter acompanhado as reformas no apartamento do Guarujá, mas teria desistido depois que o caso foi noticiado pela imprensa. Ele sustenta que pagaria pelas reformas no imóvel.

Ontem, Renan disse que não recebeu vantagens. “As relações do senador jamais ultrapassaram os limites institucionais", afirmou por meio de sua assessoria. A assessoria de Romero Jucá negou que o senador tenha recebido quaisquer recursos ilegais da OAS. Geddel disse não estar surpreso com o conteúdo da citação porque, segundo ele, todas as vezes em que se dirigiu a Léo Pinheiro foi para solicitar recursos de campanha. Ele negou ter feito caixa 2.

 

 

O globo, n. 30253, 05/06/2016. País, p. 4.