Medo de novas baixas assombra Ministério de Temer

Maria Lima e Eduardo Bresciani

05/06/2016

 

 

Apesar de ser interpretado por alguns como um bom indicativo de que o presidente interino, Michel Temer, se diferencia do governo anterior, as demissões rápidas de ministros pegos em irregularidades têm levado insegurança e preocupação aos titulares da Esplanada dos Ministérios. Com cinco ministros investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e dois citados na Operação Lavajato, o medo da degola a qualquer momento, por pressão da opinião pública, tem levado a um clima de apreensão e de críticas ao que chamam de “fraqueza” de Temer.

Na reunião ministerial, logo depois da posse, Temer avisou a seus ministros: quem errar, está fora do governo.

— Meu governo será implacável com quem cometer ilegalidade — afirmou.

O primeiro a cair foi o ex-ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), logo após a divulgação do grampo em que aparece conversando com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, dizendo que o impeachment “estancaria a sangria”.

Na última segunda-feira foi a vez do ministro da Transparência, Fabiano Silveira, também flagrado em conversa gravada por Machado em que orienta o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em sua defesa nas investigações da Operação Lava-Jato. Após a divulgação da conversa houve uma onda de manifestações de servidores da Controladoria-Geral da União e de partidos da nova oposição, encabeçada pelo PT.

Em menos de 12 horas, Fabiano estava fora. Temer não segurou a pressão e aceitou sua demissão, como ocorreu também com Jucá. Agora muitos acham que estão na corda bamba.

— Acho um risco esta atitude do presidente Michel. Muitos tem problemas. Isso só vai valer para a Lava-Jato? Eu, pessoalmente, não teria cedido. Mas não estou nas calças dele… — desabafou um dos ministros mais estratégicos da Esplanada.

 

 

O globo, n. 30253, 05/06/2016. País, p. 7.