Na Esplanada, 'clima é de se defender de Machadadas'

05/06/2016

 

 

Ministros temem delação do ex-senador Sérgio Machado

 

De volta ao Senado, Romero Jucá — a primeira “vítima” das saída imediatas — diz que o governo interino de Michel Temer sofreu “um ataque especulativo”, em que todo dia os adversários criam um fato para tumultuar. Mas pede calma aos ministros e avalia que dentro de 45 dias Temer terá se livrado desses “ataques”, e o governo começará a se desenvolver naturalmente. Jucá diz que partiu dele e de Fabiano Silveira a decisão de se afastar para estancar os ataques a Temer.

— Enquanto o processo do impeachment estiver aberto vai ter ação e reação todo dia. Todo ministro é demissível ad nuto, mas qualquer investigação tem que esperar o resultado. Tem que ter calma. Se depender da oposição não vai acalmar. Mas o jogo segue — diz Jucá.

O chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, minimiza a preocupação dos ministros com o tema:

— Ele, Temer, disse isso antes da posse. Não há surpresa.

O que tem levado pânico à Esplanada são os grampos feitos por Sérgio Machado como parte de sua delação premiada. Foi exatamente uma gravação do ex-presidente da Transpetro e ex-senador que tirou Jucá da Esplanada.

— O clima é só de defender das “Machadadas”, e seja o que Deus quiser — diz o líder de um dos partidos da base que tem ministros na Esplanada.

As citações envolvendo nomes da Esplanada são variadas. O ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), é investigado no Supremo Tribunal Federal no âmbito da Lava-Jato. No ano passado, sua casa chegou a ser alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal.

Citado em uma das delações premiadas por supostamente defender interesses da construtora OAS, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima se defendeu dizendo que é uma citação banal. O ministro do núcleo mais próximo a Temer afirmou ainda que qualquer integrante do governo que for citado na delação da Odebrecht terá de dar explicações.

Maurício Quintella (Transportes) responde a processo por suspeita de fraudes em merenda escolar quando foi secretário de Educação em Alagoas. Ricardo Barros (Saúde) é investigado por fraude em licitações na prefeitura de Maringá (PR).

Há casos de ações de improbidade, herdados de administrações passadas. José Serra (Relações Exteriores) responde por fatos de quando ocupou o Ministério do Planejamento no governo Fernando Henrique. Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia e Comunicações) é alvo também de ações de improbidade relativas à sua gestão como prefeito de SP.

 

 

O globo, n. 30253, 05/06/2016. País, p. 8.