Planalto examina 3 hipóteses para Transparência

Simone Iglesias

01/06/2016

 

 

Cotados são dois juristas e nome de lista tríplice de servidores da ex-CGU

 

O Palácio do Planalto analisa ao menos três possibilidades para ocupar o Ministério da Transparência, que ficou vago com o pedido de demissão de Fabiano Silveira na segunda-feira. Os juristas Torquato Jardim e Eliana Calmon são os principais cotados. Jardim é advogado e foi ministro do Tribunal Superior Eleitoral entre 1988 e 1996. Calmon, por sua vez, foi a primeira mulher a se tornar ministra do Superior Tribunal de Justiça. Uma terceira opção é receber e avaliar nomes de uma lista tríplice com sugestões dos servidores da antiga Controladoria-Geral da União (CGU), que deu origem ao novo ministério.

Os servidores estão descontentes com a mudança e incomodados com a situação em que Silveira deixou o comando da pasta. Silveira pediu demissão do cargo após ser pego em grampo em conversas sobre a Lava-Jato com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e com o presidente do Senado, Renan Calheiros. Nelas, o exministro defendia que Renan não entregasse documentos para a investigação da Lava-Jato.

Torquato Jardim esteve com o presidente interino, Michel Temer, ontem à tarde e foi sondado, mas ficou de analisar a possibilidade. Temer deverá conversar com Eliana Calmon hoje. Na saída de um almoço com líderes partidários, ontem, o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) afirmou que o importante é que o nome escolhido seja competente e que não entraria no debate se a indicada deveria ser uma mulher.

— Tem que encontrar uma pessoa competente. Não é uma questão de gênero, é uma questão de competência. Seja homem, mulher, ou de outro sexo — disse.

 

CNJ INVESTIGA SILVEIRA

Geddel defendeu ainda que não houve demora para demitir Fabiano Silveira:

— Diante de fatos como este, o presidente tem que ter tranquilidade para analisar todos os aspectos. Ele é presidente, não é jornalista que tem que escrever a primeira informação que tem. Ele analisa tudo, precisa ver todos os lados.

A corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Nancy Andrighi, vai abrir processo para apurar se o ex-ministro da Transparência, Fabiano Silveira, usou o cargo de conselheiro para obter informações privilegiadas. Antes de ser nomeado para o ministério de Michel Temer, Silveira era integrante do CNJ.

A suspeita é que Silveira tenha cometido advocacia administrativa durante o período em que era conselheiro do CNJ. Enquanto era conselheiro, Silveira teria procurado delegados e investigadores para obter informações acerca de procedimentos contra Renan. (Colaborou Carolina Brígido)

 

 

O globo, n. 30249, 01/06/2016. País, p. 4.