Temer adianta nomeações para acalmar base

 

18/06/2016                                                                                     

Tânia Monteiro

Igor Gadelha

 

Na tentativa de segurar a base aliada, o presidente em exercício Michel Temer está se vendo obrigado a preencher alguns cargos de segundo e terceiro escalões, o que só esperava fazer após a aprovação do projeto de lei que restringe as nomeações políticas nas estatais. É o caso da Conab, Companhia Brasileira de Alimentação que deverá ser liberada já na semana que vem para o PTB.

O presidente em exercício tem se empenhado no atendimento não só aos líderes, mas individualmente aos parlamentares que apoiam o governo, em um gesto para tentar compensar a insatisfação. No entanto, a demora na votação do projeto de lei das estatais no Senado atrapalha seus planos porque, a cada dia, a pressão aumenta.

Uma pequena rebelião já está sendo desenhada. Deputados prometem atrapalhar as votações na próxima semana, quando está prevista a análise de duas matérias econômicas importantes: a medida provisória que amplia de 20% para 49% a participação de empresas estrangeiras no capital de companhias aéreas brasileiras e a lei que altera as regras de administração dos fundos de pensão.

A votação das propostas está prevista para segunda e terça-feira.

No resto da semana, não haverá sessões por causa das folgas para festas juninas. Para esta primeira semana, a estratégia dos parlamentares insatisfeitos é faltar nos dias previstos de votação para que não haja quórum suficiente.

 

Centrão. A principal reclamação do atraso nas nomeações vem de deputados do Centrão – grupo de cerca de 220 parlamentares de 13 partidos liderados por PP, PSD, PR e PTB e principal base de sustentação de Temer na Casa. “Desde a semana passada, já há deputados esticando a corda, não querendo votar as matérias para pressionar o governo a nomear”, diz um parlamentar do PP.

Segundo ele, a base está “a ponto de explodir”, pois tem sido cobrada por aliados locais sobre as nomeações.

Deputados afirmam que a principal cobrança tem sido por nomeações de órgãos federais nos Estados, como diretorias do Incra e Iphan. Há ainda cobranças por cargos em secretarias de ministérios e diretorias da Caixa e do Banco do Brasil. / COLABOROU ERICH DECAT

 

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Maranhão vai rever consulta que tenta salvar Cunha

 

18/06/2016

Daiene Cardoso

Igor Gadelha

 

Pressionado por aliados do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em disputas internas, o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), disse a parlamentares que vai retirar da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) a consulta que tenta reverter em plenário o pedido de cassação do peemedebista aprovado pelo Conselho de Ética.

Maranhão se reuniu com líderes do PT, PSDB, DEM e PSB e comunicou a intenção de abrir mão da consulta formulada pelo deputado Wellington Roberto (PR-PB), da “tropa de choque” de Cunha. No encontro, alguns deputados propuseram diminuir a pressão para que o pepista deixe o posto, desde que ele retire a consulta e facilite o caminho para a cassação do peemedebista em plenário.

As conversas se intensificaram após o indicado de Maranhão para presidir a CPI do DPVAT, Luís Tibet (PT do B-MG), perder a vaga para o deputado Marcos Vicente (PP-ES), patrocinado pelos aliados de Cunha. / DAIENE CARDOSO e I.G.

 

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‘Nome’ de jurista provoca gafe

 

18/06/2016                                                                                     

Luciana Amaral

Leonardo Augusto

 

O advogado da presidente afastada Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, ex-advogado-geral da União e ex-ministro da Justiça, cometeu uma gafe anteontem,  na Comissão Especial do Impeachment no Senado ao citar o jurista “Tomás Turbando”.

Na verdade, Cardozo se referia a Thomas da Rosa de Bustamante, professor de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A cacofonia de conotação sexual ocorreu quando o advogado lia um documento relatando diversos nomes de importantes juristas do País com pareceres a favor de Dilma, como Juarez Tavares, Celso Antônio Bandeira de Mello e Dalmo Dallari. Bustamante defende que o impeachment do presidente em exercício Michel Temer deve ser acrescido ao processo se o peemedebista também tiver assinado decretos que configuravam pedaladas fiscais.

O vídeo em que Cardozo faz a citação viralizou na internet. Na nota taquigráfica da sessão, entretanto, o nome que aparece no registro da fala do ex-ministro é Thomas de Bustamante.

A jornalistas, Cardozo explicou ter havido um engano de um funcionário de seu escritório, que repassou uma lista de brincadeira com os nomes completos dos juristas. “Não foi pegadinha nem nada. Eu pedi a relação dos juristas que tinham feito pareceres (a favor de Dilma), e faltava o nome de alguns juristas completos. Eu pedi no escritório que as pessoas pegassem os nomes, e o rapaz pegou a relação de uma brincadeira que tinha, achou que aquilo era sério e me passou”. Segundo ele, não houve “má-fé” e o equívoco foi “até uma coisa engraçada”.

 

Apelidos . O jurista levou o episódio na brincadeira. “Coloquei no meu Facebook. Tudo isso me fez lembrar apelidos da adolescência”, disse ele ao Estado.

De acordo com o professor, Cardozo enviou mensagens a ele com pedido de desculpas. “Acho que deixaram espaço no material para acrescentar meu nome do meio. Aí alguém fez essa brincadeira. Acho que foi isso”, afirmou Bustamante. Ele disse esperar que a “troca” de seu nome no processo de defesa da presidente afastada não “tire o foco da importância dos documentos que estão sendo juntados na ação”. / LUCIANA AMARAL e LEONARDO AUGUSTO, ESPECIAL PARA O ESTADO

 

O Estado de São Paulo, n. 44804, 18/06/2016. Política, p. A7