18/06/2016
Ricardo Galhardo
A presidente afastada Dilma Rousseff encerrou seu giro de quatro dias pelo Nordeste ironizando a queda do ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves - que ocupava a mesma pasta no governo da petista. Alves foi o terceiro ministro do governo Michel Temer a deixar o cargo por causa da Operação Lava Jato.
“Todo dia a gente acorda e pergunta: quem é que vai cair hoje?”, provocou Dilma, durante evento na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no Recife. A petista tem dito que o impeachment foi motivado por dois interesses. Um deles é, segundo ela, barrar a Lava Jato.
“Estes que falam em governo de salvação nacional querem, na verdade, salvar a própria pele”, disse Dilma, horas depois, em evento com mulheres na Praça do Carmo, centro histórico da capital pernambucana.
O segundo interesse que motivou o impeachment, segundo Dilma, é a imposição de uma pauta econômica que nunca passaria pelas urnas. Entre essas medidas, de acordo com a petista, estão o limite de gastos do governo e a reforma da legislação trabalhista. “Como isso não passaria nunca, eles estão tentando encurtar o caminho.”
Plebiscito. Indagada se, ao propor um plebiscito sobre novas eleições, não estaria admitindo que não teria condições de governabilidade, Dilma disse: “O pacto que governou o Brasil desde 1988 foi rompido, dilacerado. Vamos ter que reconstruir os processos democráticos no Brasil. Isso passa necessariamente pela minha volta ao governo porque é impossível falar em democracia e rasgar o meu direito dado por 54,5 milhões de votos.”
O Estado de São Paulo, n. 44804, 18/06/2016. Política, p. A8