Doleira que cantou na CPI faz delação 

Ricardo Brandt

21/06/2016

 

 

‘Amada amante’ - Nelma Kodama deixa prisão com tornozeleira

Depois de dois anos atrás das grades, a doleira Nelma Kodama voltou ontem, para casa, em São Paulo. Conhecida como “Dama do Mercado”, Nelma fechou acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato e deixou a carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, com tornozeleira eletrônica.

A delação da doleira pode abrir o foco de investigação da Operação Lava Jato. Nelma disse que fazia operações de câmbio para comerciantes da Rua 25 de Março, principal centro de comércio de São Paulo.

A doleira foi presa em 15 de março de 2014 tentando embarcar para a Itália com ¤ 200 mil na calcinha. Meses depois, foi condenada a 18 anos de prisão pelo juiz Sérgio Moro, pela lavagem de R$ 221 milhões e envio ao exterior de outros U$S 5,2 milhões por meio de 91 operações irregulares de câmbio.

Em 2015, Nelma disse que faria delação. “Eu sou doleira, comprava e vendia moedas no mercado negro. E isso vai constar no termo de colaboração que estou firmando”, declarou em abril a deputados da CPI da Petrobrás que foram a Curitiba ouvir presos da Lava Jato.

Ex-namorada de Alberto Youssef, Nelma cantou trecho de uma música de Roberto Carlos durante sessão da CPI em 12 de maio do ano passado. “Eu vivi maritalmente com Alberto Youssef de 2000 a 2009. Amante é uma palavra que engloba tudo, né? Amante é esposa, amante é amiga. Tem até uma música do Roberto Carlos: ‘a amada amante, a amada amante’”, cantarolou. “Quer coisa mais bonita que ser amante? Você ter uma amante que você pode contar com ela, ser amiga dela.”

Na mesma audiência, ela negou que tivesse tentado fugir do País, quando foi presa. “O dinheiro estava no bolso e não na calcinha”, disse a doleira, um dos alvos da 1.ª fase da Lava Jato, que investigou uma quadrilha de doleiros.