Título: Demorou, mas mudou
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 18/11/2011, Política, p. 4

A decisão de transferir a Autoridade Pública Olímpica (APO) para o Ministério do Esporte é mais do que uma questão administrativa: é uma sinalização política. A presidente Dilma Rousseff não queria a APO no Ministério do Esporte porque preferia outro nome ao do ex-ministro Orlando Silva. Ela acabou tendo que mantê-lo por um pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas não era esse o seu desejo inicial.

Durante a formação do ministério, ainda nos tempos do governo de transição, Dilma queria nomear a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE) para a pasta. Dilma tinha preferência pela parlamentar, duas vezes prefeita de Olinda, mas o PCdoB bateu o pé e insistiu que Orlando Silva teria de continuar na pasta. Auxiliado pelo ex-presidente Lula, os comunistas só balançaram quando Dilma propôs a nomeação de Luciana e a transferência de Orlando para a APO.

A proposta era tentadora, mas coube ao então chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, desfazer os sonhos comunistas de verão. "Os partidos aliados estão com ciúmes, o PCdoB vai ficar forte demais", disse o então ministro ao presidente nacional do partido, Renato Rabelo.

Dilma decidiu, então, nomear para a APO o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. Mas Meirelles achou que o cargo estava esvaziado e a vaga acabou sobrando para Márcio Fortes — de quem Dilma gosta, por sinal. (PTL)