Título: Esporte assume comando da APO
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 18/11/2011, Política, p. 4

Por decisão de Dilma Rousseff, pasta de Aldo Rebelo passa a ser a responsável pela autarquia que centraliza a preparação para os Jogos Olímpicos do Rio em 2016 O Ministério do Esporte incorpora oficialmente, a partir de hoje, a Autoridade Pública Olímpica (APO). O decreto presidencial a ser publicado no Diário Oficial demostra, acima de tudo, o prestígio que o ministro Aldo Rebelo tem com a presidente Dilma Rousseff. A incorporação da APO à pasta — um desejo do PCdoB desde que ela foi criada — foi prometida por Dilma no momento em que convidou Aldo para substituir Orlando Silva. Ontem, o ministro e o presidente da APO, Márcio Fortes, tiveram a primeira reunião de trabalho para tratar dos Jogos do Rio em 2016. "O ministro Fortes me fez um relato minucioso de todas as atividades da APO e como está o andamento das obras das Olimpíadas", declarou Aldo.

Com a incorporação, Aldo passa a ter influência sobre as nomeações da APO. Dos 181 cargos previstos no projeto aprovado pelo Congresso Nacional, com salários que variam de R$ 1 mil a R$ 22 mil, apenas 15 foram indicados até o momento. "Estávamos com um estrutura enxuta, nomeada apenas para dar início aos trabalhos administrativos de nossa autarquia", explicou Fortes.

Antes da migração, a APO estava vinculada ao Ministério do Planejamento. "Isso aconteceu porque precisávamos ter condições de implantar a nossa estrutura. Mas o destino final teria que ser o Esporte, onde são formados os atletas que disputarão os Jogos", defendeu Fortes. Apesar de, estruturalmente, a APO ainda ter o vínculo com a Presidência da República, Fortes e Aldo manterão um trabalho integrado. "Estamos no mesmo campo, totalmente entrosados", brincou Fortes, que agradeceu o tratamento de ministro dado a ele por Aldo.

O prestígio do novo ministro do Esporte com a presidente é crescente. Ao substituir Orlando por Aldo, Dilma sinalizou que o PCdoB ficaria com a pasta, mas teria que imprimir um ritmo diferente no ministério. Incomodava a presidente o clima "jovial" que reinava na pasta. "As reuniões de trabalho pareciam encontros da UNE (União Nacional dos Estudantes) ou da UJS (União da Juventude Socialista)", comentou um interlocutor do novo ministro.

Aldo tem procurado recompor o quadro de servidores com técnicos qualificados oriundos do mercado, e não de quadros do partido. Os três primeiros nomes anunciados na última segunda foram a economista Paula Pini, coordenadora de projetos do Banco Mundial, que será a nova secretária executiva; o diplomata Carlos Henrique Cardim, que chefiará a Assessoria Internacional; e o vice-almirante Afonso Barbosa, que ocupará a Secretaria Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social.

As escolhas, segundo apurou o Correio, foram muito bem recebidas no Palácio do Planalto. Para a presidente Dilma, um ministério que tem dois projetos fundamentais para o país — a Copa do Mundo e as Olimpíadas Rio 2016 — e com pretensões de se tornar uma das pastas mais importantes do governo, deve ter um corpo técnico qualificado, e não ser um mero feudo de apadrinhamento político de uma legenda política. A análise piorava ainda porque os filiados comunistas montaram, segundo apuraram a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU), um esquema irregular de celebração de convênios com organizações não governamentais.

Cofre O orçamento da Autoridade Pública Olímpica (APO) previsto para 2012 é de R$ 80 milhões. Mas o próprio Fortes admitiu que esse montante é apenas o suficiente para manter a estrutura atual. Logo, deverá mudar de patamar quando os demais cargos forem preenchidos. Fortes fez questão de destacar que a Autoridade Olímpica não substitui nenhum órgão. "Nossa missão é fiscalizar e entregar as obras esportivas, de infraestrutura e de mobilidade urbana para a realização dos Jogos", explicou.

Ele estima que, em março de 2012, seja possível calcular o orçamento total dos Jogos do Rio-2016 e o cronograma das obras que serão entregues, com os respectivos prazos. Fortes calcula que 47% dos empreendimento já estejam prontas.

O que é Conheça a Autoridade Pública Olímpica

Funções Planejar e coordenar a atuação dos três entes federados (governos federal, estadual e municipal) envolvidos na preparação e na realização dos Jogos Olímpicos de 2016. Não tem poder de licitar obras, mas de participar do processo de fiscalização.

Estrutura 181 funcionários, com salários que variam de R$ 1 mil a R$ 22 mil.

Sede Rio de Janeiro, com um escritório já funcionando em Brasília.

Conselho Será composto por três representantes. Um indicado pelo Executivo federal, outro pelo governo estadual do Rio de Janeiro e o terceiro pelo governo municipal carioca.