Título: Atenas sob pressão
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 07/11/2011, Economia, p. 11

Depois do susto causado pela Grécia na semana passada, os líderes da Eurozona aproveitarão a reunião de ministros das Finanças do bloco, marcada para hoje, para pressionar os dirigentes gregos a se reorganizarem internamente. O encontro em Bruxelas servirá para deixar claro que Atenas não receberá mais um único centavo se não se comprometer a realizar os cortes orçamentários acordados com a União Europeia (UE) e com o Fundo Monetário Internacional (FMI), além de fortalecer seu sistema financeiro.

"O país deve aprovar o plano fechado em 26 e 27 de outubro. Esta é a condição necessária para qualquer ajuda financeira", destacou na semana passada o presidente da UE, Herman Van Rompuy. A retirada do projeto de referendo do primeiro-ministro grego, Georges Papandreou, que pretendia consultar a população sobre o segundo programa de resgate do país, provocou o alívio dos sócios europeus, mas a indefinição política em Atenas causa dúvidas em relação à disposição do governo de aplicar as medidas de austeridade.

O plano de ajuda permitiria à Grécia o perdão de 100 bilhões de euros sobre os 350 bilhões do total de sua dívida. Em troca, Atenas deve se submeter a um rigoroso plano de cortes fiscais e aceitar ficar sob a tutela dos outros países. "Com certeza, os representantes do bloco europeu vão reiterar seu desejo de que todos os principais partidos (gregos) apoiem o programa de ajuste", indicou um assessor próximo às negociações. Sem a liberação das próximas parcelas de auxílio financeiro, o governo grego deve entrar em risco de calote em dezembro.

Além da questão grega, a Eurozona tentará hoje chegar a um consenso para o reforço do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), como forma de evitar o contágio da crise da dívida à Espanha e à Itália. Os líderes dos 17 países da Zona do Euro concordaram em ampliar esse fundo de 440 bilhões para 1 trilhão de euros, convertendo-o em um mecanismo de garantia que incentive os investidores a emprestar dinheiro aos países mais frágeis. A esse dispositivo devem se somar outros, ligados ao FMI que acolheriam as contribuições das nações emergentes. O FMI também participa da reunião de hoje.