Título: Enade tem 19% de abstenções no país
Autor: Braga, Juliana; Lledó, Maria Julia
Fonte: Correio Braziliense, 07/11/2011, Cidades, p. 24

Alunos de 13 cursos foram avaliados na tarde de ontem, que passou sem ocorrências graves. As faculdades montaram tendas e fizeram até controle de presença de candidatos

O Ministério da Educação divulgará hoje o índice de abstenção relativo ao Distrito Federal no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). O percentual de faltas em todo o Brasil, no entanto, já era sabido ontem à noite: 19% entre os 376.180 inscritos. Na tarde de domingo, na capital do país, quase 8 mil alunos de ensino superior eram esperados para fazer as avaliações. Nos locais de prova — a instituição não divulgou quantos eram no DF —, os alunos se dividiam em dois grupos: os que estudaram para o exame e os que só fizeram o Enade para não perder o direito de tirar o diploma.

Renato Gama estudou o semestre inteiro para revisar o conteúdo dos 10 semestres já cursados de engenharia da computação. Ele acredita que, além de melhorar o conceito da faculdade onde estuda, um bom resultado pode ajudá-lo a se colocar bem no mercado de trabalho. "Mudei minha rotina de estudos para me dedicar mais", relata. Paulo Henrique Menezes, aluno de sistemas de informação, também se preparou para o exame. Além de revisar o conteúdo, prestou simulados oferecidos pela instituição onde estuda.

Desempenho Já Ana Carla Messias, aluna do 8º semestre de sistemas de informação, só compareceu para não ter problemas para retirar o diploma depois. "O exame não muda nada para mim. Já estou me formando", justificou. Um estudante que não quis se identificar saiu do local de prova 10 minutos depois do início. "Marquei tudo aleatoriamente. Já sou formado em outro curso e estou cansado demais para fazer a prova", disse.

Houve quem reclamasse que a prova estava longa e mal elaborada, como Akemi Ramos, aluna de biologia da Universidade de Brasília (UnB). A estudante achou que as questões careciam de contextualização. Mesmo assim, conseguiu responder todas. "Achei a parte específica muito limitada. Apenas cobraram questões de genética", criticou Akemi, que deve se formar até o fim do ano.

Como o resultado do exame serve para determinar a qualidade do ensino das instituições, os professores também compareceram aos locais onde as avaliações foram aplicadas. As faculdades distribuíram kits com camisetas, barras de cereais, bombons, canetas, garrafas de água e camisetas. "O desempenho deles mostra a qualidade do nosso serviço no dia a dia", justifica o coordenador do curso de sistemas de informação e rede da computação da Unieuro, Delano Brandes.

Houve até controle de frequência na porta. A Faculdade Projeção, por exemplo, ofereceu o transporte. O coordenador do curso de tecnologia em análise e desenvolvimento de sistema, Paulo Peres, postou-se em frente ao Centro Educacional nº 02 (Cruzeiro) e verificou o nome de cada aluno da instituição para certificar-se de que todos compareceriam. "Viemos dar apoio porque o Enade é instrumento de avaliação importante. Mostra o conceito da instituição, e bons resultados podem ajudar até os alunos a conquistarem seu espaço no mercado de trabalho", explica.

Este ano, prestaram o exame os alunos que estão concluindo os cursos de arquitetura e urbanismo, engenharia ambiental, engenharia civil, biologia, ciência da computação, sistemas de informação, filosofia, física, letras, matemática, química, pedagogia e educação física (licenciatura).

Atrasos Alguns candidatos só chegaram em cima da hora do início da prova, marcada para as 13h. Foi o caso de João Paulo Batista, estudante de ciência da computação, que, enquanto corria, explicou: "Dormi demais". Outros confundiram o local onde fariam a avaliação: houve gente, por exemplo, que deveria ter prestado o Enade no Centro Educacional nº 02 do Cruzeiro, e, em vez disso, foi para o 01 — e vice-versa.

Por conta do erro, Aldenora Anjos Costa, aluna de pedagogia da Universidade do Tocantins, chegou depois que os portões já estavam fechados. Ela transferiu o local de prova porque se mudou para Brasília e não conhece bem o Cruzeiro. "Deveriam colocar em um lugar mais fácil", critica. Ela reclama que não foi orientada no colégio e, mesmo tendo chegado com antecedência, só ficou sabendo que estava no lugar errado poucos minutos antes de começar o exame.

Quem tiver sido convocado e não fizer a prova fica impedido de retirar o diploma. Para regularizar a situação, o candidato precisa esperar o próximo ano e solicitar para fazer o exame novamente. Como os cursos avaliados mudam, o estudante faz apenas a parte de conhecimentos gerais.

Resultados O gabarito preliminar e as provas serão disponibilizados no site do Inep (www.inep.gov.br) na próxima quarta-feira, 9 de novembro. Não há prazo para a interposição de recursos. Em 7 de dezembro, será divulgada a lista dos estudantes que, por terem feito a prova, estarão com a situação regular perante o Ministério da Educação. Os resultados individuais, entretanto, só estarão disponíveis a partir de agosto de 2012.