Janot pede retomada de investigação contra Aécio

 

02/06/2016

Carolina Oms

 

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) manifestação pelo prosseguimento das investigações contra o senador Aécio Neves pelos eventuais crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro relacionados ao caso de Furnas, subsidiária da Eletrobras. Janot alega que juntou ao pedido diversas provas novas, que não se limitam ao depoimento do ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS). Para a PGR, diante dos novos e objetivos elementos, o caso merece nova e mais aprofundada avaliação.

Depois de formalmente instaurado inquérito para a apuração dos fatos e da manifestação espontânea do investigado, o relator do caso, ministro Gilmar Mendes, suspendeu o cumprimento das diligências determinadas e determinou o retorno dos autos à PGR. Para a Procuradoria, a versão apresentada por Delcídio, que agora se soma ao anterior relato de Alberto Youssef, mostra-se bastante plausível. "Orbitam em torno de ambos os relatos diversos outros elementos confirmatórios", avalia Janot.

Conforme o PGR, o pedido que deu origem à instauração do inquérito foi devidamente acompanhado de novas provas, suficientes à convicção do MPF de que, para uma completa elucidação dos fatos, faz-se "imperioso" o prosseguimento das investigações.

Janot criticou a decisão de Gilmar. "Ao assim agir, o Poder Judiciário estará despindo-se de sua necessária imparcialidade e usurpando uma atribuição própria do Ministério Público, sujeito processual a quem toca promover a ação penal e, antes disso, munir-se do substrato probatório que o autorize a exercer, responsavelmente, seu munus", diz.

 

Valor econômico, v. 17, n. 4017, 02/06/2016. Política, p. A7