Título: Grécia convoca eleições
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Fonte: Correio Braziliense, 08/11/2011, Economia, p. 13

Pleito será em 19 de fevereiro. Até lá, governo de coalizão negociará socorro financeiro com os credores

Atenas — Os dois principais partidos políticos da Grécia — os socialistas, no poder, e a oposição conservadora — anunciaram a realização de eleições nacionais em 19 de fevereiro. Até lá, o país, que vive uma crise econômica sem precedentes, será administrado por um governo de união nacional, conforme o acordo fechado na noite de domingo que envolveu a renúncia do atual primeiro-ministro socialista George Papandreou.

O nome do novo chefe de governo grego deverá ser anunciado hoje e a escolha deverá ficar entre o atual ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, e o ex-vice- presidente do Banco Central Europeu (BCE), o economista Lucas Papademos, tido como favorito. O ouvidor da União Europeia, Nikiforos Diamandouros, disse à Agência Reuters que também foi sondado. Sob intensa pressão dos vizinhos europeus, a Grécia tenta se reorganizar politicamente para continuar recebendo socorro financeiro para manejar sua dívida de 350 bilhões de euros — equivalente a 165% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e evitar a bancarrota.

A realização de eleições antecipadas era uma exigência do líder oposicionista Antonis Samaras para apoiar as duras medidas de austeridade, como cortes de salários e aposentadorias, além de aumentos de impostos e demissões de servidores públicos, exigidas pelos credores para manter a ajuda e permitir que a Grécia permaneça na Zona do Euro.

Ontem, ao chegar a Bruxelas, na Bélgica, para participar de uma reunião de ministros de Finanças dos países da união monetária, Venizelos garantiu que o acerto político vai permitir que a Grécia, que já vive há três anos em recessão, cumpra as promessas de apertar ainda mais os cintos para reduzir o deficit público e viabilizar o pagamento da dívida. "O governo de união nacional é a prova de nosso compromisso e de nossa capacidade de aplicar o programa previsto", disse.

No encontro em Bruxelas, os 17 ministros da Zona do Euro deverão avaliar a liberação de uma parcela de 8 bilhões de euros prometida ainda em 2010 e os próximos passos do programa de socorro à Grécia, que pretende renegociar o pagamento de 80 bilhões de euros até o final de fevereiro e receber nova ajuda de 100 bilhões de euros até 2020. Eles vão discutir ainda como aumentar o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef), criado para socorrer países em dificuldades, dos atuais 440 bilhões para pelo menos 1 trilhão de euros.

Compromisso por escrito Os ministros de Finanças da Zona do Euro decidiram aumentar a pressão para que a Grécia cumpra as medidas de austeridade e exigiram ontem do futuro governo de coalização em Atenas garantias por escrito de que continuarão com as reformas econômicas. "Pedimos às novas autoridades que enviem uma carta, firmada pelos dois partidos", relatou o chefe dos ministros da Zona do Euro, Jean-Claude Juncker.