Sem sirenes, barulho e alarde, a Polícia Federal amanheceu ontem na porta de ex-ministros do governo Dilma Rousseff. Na casa do ex-ministro da Previdência Carlos Gabas, apreendeu duas motos. Uma delas, modelo Harley-Davidson, era uma velha conhecida da presidente afastada, Dilma Rousseff. Na garupa desta moto, Dilma fez passeios dominicais pelas ruas da capital, na companhia de Gabas.

A PF também apreendeu dois celulares, um Ipad e um notebook na casa do ex-ministro, que foi chamado para depor sobre as supostas relações dele com o ex-vereador Alexandre Romano, mas preferiu ficar calado e só comparecer à PF em outro momento.

Em outra parte da cidade, apesar de discreta, a chegada da PF no bloco G da quadra 309 Sul mudou a rotina do prédio residencial do Senado, que abriga senadores de vários partidos. Ali, a PF tinha ido prender o ex-ministro Paulo Bernardo, marido de Gleisi Hoffman.

Os agentes entraram pela garagem. No pilotis do prédio só era possível ver o entra e sai de agentes de segurança do Senado. Da PF, só se tinha notícia quando homens engravatados apareciam na janela. Andavam de um lado para outro no único apartamento que, ainda cedo, já parecia estar bastante agitado. Naquele segundo andar do prédio, estava em andamento, além da prisão, uma busca e apreensão de documentos.

A ação da PF surpreendeu os vizinhos, todos senadores. Um grupo de engravatados chegou para visitar um senador que mora no primeiro andar. Identificados pelo vigilante, brincaram: — Nosso senador também foi preso?! Mas o clima não estava para ironias. O senador tucano Aloysio Nunes Ferreira (SP), que mora no mesmo prédio, tinha saído cedo para fazer pilates. Não reparou no burburinho. Ao retornar ao prédio caminhando, de bermuda e chinelos, não sabia dizer o que estava acontecendo. Nem mesmo sabia que o vizinho Paulo Bernardo estava sendo preso.

Perguntado sobre o que achava da prisão, o tucano respondeu:

— Não tem como ficar feliz com uma notícia de prisão.

Mais cedo, no Twitter, a Polícia Federal divulgou uma foto do Comando de Operações Táticas (COT), a equipe de elite, em ação, junto com o anúncio: “Bom dia! #PFemAção #SomosTodosContraoCrime”.

A assessoria da PF explicou que a mensagem não era uma provocação e que o uso de fotos no Twitter da instituição é frequente em dias de operação. Há outros “bom dias” nos dia 21, 22, 15 e 9 de junho. Em todos eles houve operações.