Valor econômico, v. 17, n. 4018, 03/06/2016. Política, p. A7

Gilmar decide manter investigação contra Aécio

Por: Carolina Oms

 

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes determinou ontem o prosseguimento da investigação contra o senador Aécio Neves, presidente do PSDB, e a coleta de provas no inquérito sobre o suposto envolvimento em corrupção em Furnas.

Há três semanas, Gilmar, que é o relator do caso no STF, suspendeu a investigação e pediu que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reavaliasse se queria manter os pedidos diante de uma documentação apresentada por Aécio.

Janot pediu o prosseguimento das investigações contra Aécio pelos eventuais crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro relacionados ao caso de Furnas. O procurador-geral alega que juntou ao pedido diversas provas novas, que não se limitam ao depoimento do ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS). Para a PGR, diante dos novos e objetivos elementos, o caso merece nova e mais aprofundada avaliação.

Para a PGR, a versão apresentada por Delcídio, que agora se soma ao anterior relato de Alberto Youssef, mostra-se bastante plausível. "Orbitam em torno de ambos os relatos diversos outros elementos confirmatórios", avalia Janot. Conforme o PGR, o pedido que deu origem à instauração do inquérito foi devidamente acompanhado de novas provas, suficientes à convicção do MPF de que, para uma completa elucidação dos fatos, faz-se "imperioso" o prosseguimento das investigações.

Na decisão que autorizou o prosseguimento do inquérito, Gilmar Mendes afirma que há razões para a investigação porque o desarquivamento das citações de Youssef ocorreu em razão da delação premiada de Delcídio do Amaral. "Foram trazidos elementos de corroboração oriundos de outras investigações que podem reforçar a suspeita em apuração. Logo, cabível a retomada das investigações", afirmou.

O ministro disse que a investigação não é "uma propriedade do Ministério Público e da polícia, imune à interferência judicial" e afirmou que o juiz deve arquivar inquéritos que sejam incabíveis. Ele ainda minimizou o impacto de sua decisão de devolver os autos para nova análise da PGR. "Relembro que as diligências deferidas não se destinavam à colheita de provas urgentes. Pelo contrário. Os fatos investigados teriam ocorrido há mais de dez anos", disse o ministro.

Em nota, Aécio disse ter absoluta convicção que provará sua inocência. "É claro que ninguém gosta de ser injustamente acusado, como é o caso, mas eu tenho serenidade para compreender que esse é o papel do Ministério Público, investigar as citações e acusações que ali chegam, e o da Justiça, de dar prosseguimento a essas investigações." (Colaborou Thiago Resende)

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