O globo, n. 30274, 26/06/2016. País, p. 5

Cunha pede quebra de seu sigilo telefônico e de ex-ministro

Defesa quer mostrar que ligação de Lobão, citada por delator, não ocorreu
Por: ANDRÉ DE SOUZA

 

ANDRÉ DE SOUZA

andre.renato@bsb.oglobo.com.br

 

A defesa do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pediu ao Supremo Tribunal Federal a quebra do sigilo telefônico do próprio cliente e também o do senador Edison Lobão (PMDBMA). Solicitou ainda uma perícia em todos os arquivos de vídeo e áudio que compõem a delação premiada dos lobistas Júlio Camargo e Fernando Soares, o Fernando Baiano. Outro pedido é que sejam ouvidas 28 testemunhas, incluindo Lobão, 12 deputados e três executivos que moram na Ásia.

Os pedidos foram feitos na ação penal da Operação LavaJato na qual Cunha é réu. Ele é acusado de ter recebido propina de US$ 5 milhões em contratos de sondas da Petrobras.

A defesa destaca trecho de depoimento de Camargo, delator da Lava-Jato, em que ele disse ter marcado em 2011 uma reunião com Lobão, então ministro de Minas e Energia, na base aérea do Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Camargo disse ter ficado surpreso com um requerimento da então deputada Solange Almeida (PMDBRJ), hoje prefeita de Rio Bonito (RJ), solicitando informações de alguns contratos da Petrobras. Segundo Camargo, Lobão respondeu que isso seria “coisa de Eduardo”. Em outras palavras, Cunha estaria por trás do requerimento. Imediatamente, Lobão teria ligado para o deputado e perguntado se ele tinha enlouquecido. A quebra do sigilo telefônico dos dois mostraria que o telefonema não ocorreu.

“Esse fato é falso. Justamente por isso o Ministério Público Federal não produziu nenhuma prova de que tal ligação tenha ocorrido, tendo se limitado a pedir a relação de placas que entraram na Base Aérea”, diz trecho do documento assinado pelos advogados Pedro Ivo Velloso, Ticiano Figueiredo, Alvaro da Silva e Célio Júnior Rabelo.