No Senado, Temer e Dilma disputam 15 votos decisivos
Vinicius Sassine, Simone Iglesias e Renan Xavier*
20/06/2016
Grupo da presidente afastada oferece a parlamentares plebiscito sobre novas eleições; e governo interino, cargos
Integrantes do grupo cujos votos são disputados pelos dois lados disseram “sim” à admissibilidade do impeachment ou se ausentaram da sessão que resultou no afastamento de Dilma. A petista teve só 22 votos a seu favor e, no julgamento decisivo, precisará de ao menos 28 votos ou ausências. O afastamento temporário de Dilma contou com 55 votos, um a mais do que os 54 necessários para retirá-la definitivamente do cargo.
Sem caneta para sinalizar com cargos e vantagens, os petistas oferecem a realização de plebiscito por novas eleições como alternativa à crise. Já o governo interino vem anotando dezenas de pedidos de cargos. O senador Hélio José (PMDB-DF), conhecido em Brasília como Hélio Gambiarra, pediu a Temer 34 cargos, entre eles as presidências do BB DTVM, dos Correios, do FNDE e de Itaipu. O senador também quer ser o líder do governo no Congresso e relatar as medidas provisórias sobre infraestrutura. No Planalto, os pleitos de Gambiarra causaram irritação. Ele não foi localizado pelo GLOBO.
— Se Hélio ficar contra o impeachment, ele morre no dia seguinte no PMDB — disse um dirigente partidário.
PETISTA DESISTE DE ROMÁRIO
Estiveram com Temer nas últimas semanas os senadores Romário (PSB-RJ), Cristovam Buarque (PPS-DF), Eduardo Amorim (PSDC-SE), Benedito de Lira (PP-AL), Acir Gurgacz (PDT-RO) e Jader Barbalho (PMDB-PA). Cristovam também já esteve com Dilma e passou a ser fortemente cobrado por movimentos de esquerda por ter votado a favor do afastamento da petista.
O grupo dos 15 tem ainda Fernando Collor (PTC-AL), Omar Aziz (PSD-AM), Pedro Chaves (PSC-MS), Roberto Rocha (PSBMA), Vicentinho Alves (PR-TO), Wellington Fagundes (PR-MT), Wilder Moraes (PP-GO) e Marcelo Crivella (PRB-RJ) — que se licenciará para disputar a prefeitura do Rio, mas controla o voto do suplente, Eduardo Lopes (PRB).
Com o avanço do processo, algumas posições ficaram mais claras. Os petistas já desistiram de Romário, que deve votar pelo impeachment. Eduardo Amorim, Vicentinho e Wilder Moraes passaram a declarar voto pró-deposição.
Amorim afirmou que não vê motivos para rever sua posição:
— Uma pessoa falou comigo (do grupo de Dilma), mas nada capaz de mudar o meu voto.
Senadores confirmam abordagens dos dois lados. Pelo PMDB, quem comanda as negociações são o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo). Dilma tem quatro senadores: Roberto Requião (PMDB-PR), Kátia Abreu (PMDB-TO), Jorge Viana (PT-AC) e Paulo Rocha (PT-PA).
— Os dois lados têm me procurado. Ainda estou analisando e não quero me precipitar — diz Pedro Chaves (PSC-MS). (*Estagiário sob supervisão de Paulo Celso Pereira).
TERMÔMETRO DO IMPEACHMENT
A FAVOR 37
INDECISO/ NÃO RESPONDEU 26
CONTRA 18
OS 15 ALVOS DE DILMA E TEMER
Acir Gurgacz
(PDT-RO)
Benedito de Lira
(PP-AL)
Cristovam Buarque
(PPS-DF)
Fernando Collor
(PTC-AL)
Hélio José
(PMDB-DF)
Jader Barbalho
(PMDB-PA)
Marcelo Crivella
(PRB-RJ)
Omar Aziz
(PSD-AM)
Pedro Chaves
(PSC-MS)
Roberto Rocha
(PSB-MA)
Romário
(PSB-RJ)
Eduardo Amorim
(PSDC-SE)
Vicentinho Alves
(PR-TO)
Wellington Fagundes
(PR-MT)
Wilder Morais
(PP-GO)
O globo, n. 30268, 20/06/2016. País, p. 5.