Supremo quebra sigilo de Maranhão para apurar propina

Gustavo Aguiar
05/07/2016

 

 

Medida foi autorizada após delator revelar atuação do presidente interino da Câmara em desvios de fundos de pensão

O presidente interino da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), teve o sigilo bancário quebrado para investigação com indícios de que ele teria recebido propina para atuar em prol de negócios fraudulentos do doleiro Fayed Traboulsi, que comandava um esquema de corrupção paralelo à rede criada por Alberto Youssef no caso investigado pela Operação Lava Jato.

O procedimento foi autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello com base em delação premiada mantida em sigilo. A informação foi publicada pelo jornal Folha de S.Paulo. A delação foi homologada em 2014, na Operação Miqueias, que revelou um esquema de fraude em fundos de pensão municipais.

A delação aponta que Maranhão foi pago para atuar em prefeituras para interceder em favor de um esquema de fraude em investimentos nos regimes de previdência de servidores públicos municipais que teria sido concebido por Fayed, cujo objetivo era vender títulos podres a fundos de pensão. O desvio ultrapassaria os R$ 50 milhões.

Em uma das provas em poder da Procuradoria-Geral da União, Maranhão aparece intermediando um negócio de R$ 6 milhões com uma prefeitura do interior maranhense. As investigações apontam que, nesta operação, o presidente interino da Câmara teria recebido 1% do valor negociado. Procurado por meio de sua assessoria, Maranhão não se manifestou.