Dilma chama Meirelles de ‘competente’

Mateus Fagundes

13/07/2016

 

 

Presidente afastada elogia ministro da Fazenda que foi preterido em sua 2ª gestão mesmo sob patrocínio de Lula para que fosse escolhido.

A presidente afastada Dilma Rousseff elogiou ontem o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, mas não poupou críticas à política econômica do governo em exercício. Em entrevista à Rádio Capital, de São Paulo, a petista reivindicou para si a baixa da inflação e disse crer em uma derrota do impeachment no Senado.

Questionada sobre o motivo de ela não ter indicado o economista para a Fazenda, como foi amplamente sugerido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por integrantes do então governo petista, Dilma se limitou a dizer que Meirelles “é uma pessoa competente na área dele”. “Eu não considero que Henrique Meirelles representa este governo (de Michel Temer) como um todo”, complementou.

A petista disse ainda observar que a inflação está abrandando e que isso ocorre por causa da ação do governo dela. “As condições para a inflação cair foram sendo construídas durante meu governo”, afirmou.

Ela, no entanto, criticou propostas de redução de gastos com saúde e educação e disse que o governo está tratando a meta fiscal de 2016, que prevê déficit de até R$ 170,5 bilhões, como um “cheque em branco”. “Se sabe que o déficit não era deste tamanho”, ressaltou a presidente afastada.

A volta. Na entrevista, a presidente afastada disse acreditar que sua volta à Presidência é possível. “Quando voltar, vou ter de enxugar muita coisa, tem muita coisa errada sendo feita”, afirmou ela em entrevista à Rádio Capital, de São Paulo, em referência às propostas de cortes de recursos para a educação e a saúde. “Tenho uma obrigação e missão, porque o Brasil passou por uma ruptura democrática e sou responsável por colar isso de volta”, disse.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também afirmou ontem que “derrotar o impeachment hoje é mais fácil do que antes”, em entrevista à Rádio Jornal de Pernambuco. O petista ainda comparou as investigações da Operação Lava Jato sobre ele com um “carrapato”.

“Hoje, para derrotar o impeachment, é mais fácil do que antes. Porque antes você tinha Câmara – que é praticamente incontrolável.Depois você tinha a admissibilidade. Agora, a Dilma está dependendo de seis votos. Ou seja, são seis senadores apenas que podem mudar o destino do País”, afirmou o petista.

Nomeação. O ex-presidente quer que o Supremo Tribunal Federal reconheça a validade da nomeação dele como ministro. Caso isso ocorra, uma das linhas de investigação sobre ele na Operação Lava Jato poderá ser questionada.

A defesa de Lula pediu que o ministro Gilmar Mendes, do STF, volte atrás ao extinguir o mandado de segurança que suspendeu a nomeação do ex-presidente ao cargo de ministro-chefe da Casa Civil em 18 de março.

O ministro entendeu que a ação perdeu o sentido após Lula ser oficialmente exonerado do cargo com o afastamento da presidente Dilma Rousseff.

Para os advogados do ex-presidente, o STF precisa julgar se Lula preenchia os requisitos constitucionais para ocupar a pasta para a qual foi nomeado e se houve ou não, no ato de Dilma, desvio de finalidade. A conduta é um dos principais elementos que embasam um pedido de inquérito contra os dois na Lava Jato.

Competência

“(Meirelles) É uma pessoa competente na área dele. Não considere que ele represente este governo”

Dilma Rousseff

PRESIDENTE AFASTADA.