Valor econômico, v. 17, n. 4055, 26/07/2016. Política, p. A10

Acordo para Matarazzo apoiar Marta é fechado e PTB rompe aliança

Por: Cristiane Agostine e Estevão Taiar
Por Cristiane Agostine e Estevão Taiar | De São Paulo
 

Ex-tucano, o vereador Andrea Matarazzo (PSD) fechou acordo com o PMDB para ser vice da ex-petista e senadora Marta Suplicy na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Preterido na chapa de Marta, o PTB deve trocar o apoio à pemedebista pela aliança com o candidato Celso Russomanno (PRB).

No dia 8 o presidente estadual do PTB, deputado Campos Machado, havia acertado com o PMDB a indicação de sua esposa, Marlene Machado, para ser vice de Marta. Com a aliança entre PMDB e PSD, agora Marlene poderá ocupar a vice na chapa de Russomanno.

O acordo entre Marta, do PMDB, e Matarazzo, do PSD, foi selada nos últimos dias. O acerto foi confirmado ontem pelo comando do PMDB e deve ser anunciado hoje, em reunião do diretório municipal do partido. Oficialmente, as duas siglas dizem que estão apenas conversando, mas a tendência é que a aliança seja homologada no sábado, durante a convenção pemedebista.

A aliança foi articulada pelo presidente interino Michel Temer (PMDB) e pelo presidente nacional do PSD, ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), com apoio do ministro José Serra (Relações Exteriores), do PSDB. O PSD teria ameaçado não dar recursos a Matarazzo se o vereador insistisse em lançar sua candidatura à Prefeitura de São Paulo.

Para o comando do PMDB, a indicação do vereador do PSD ajudará Marta a atrair os eleitores com maior renda e escolaridade. Ex-petista, a senadora tem boa votação na periferia da cidade.

Ligado a Serra, Matarazzo insistia em ser candidato e disse que "seria mais fácil uma vaca voar do que ser vice da Marta" quando anunciou em março sua filiação ao PSD. O vereador participou das duas gestões posteriores à de Marta na prefeitura paulistana, dos ex-prefeitos Serra e Kassab, e foi crítico contumaz das ações da ex-prefeita e atual senadora.

A indicação de Matarazzo para a vice de Marta irritou o presidente do diretório paulista do PTB, que contava com o lançamento de sua esposa como vice da candidata. Ontem, Campos Machado, Russomanno e o deputado federal Gilberto Nascimento, presidente do PSC, sigla que também participa da coligação, passaram a tarde reunidos em um hotel para acertar a indicação de Marlene como vice na chapa liderada pelo PRB.

Se confirmada, a aliança repetirá a dobradinha PRB/PTB da candidatura de Russomanno em 2012.

Por meio de um interlocutor, o presidente do PTB paulista afirmou que só vai anunciar formalmente o acordo com Russomanno depois que Marta oficializar a indicação de Matarazzo. A convenção da sigla será no sábado.

O PMDB, no entanto, ainda não desistiu de ter o apoio do PTB. Ontem, o presidente do diretório municipal do PMDB, José Yunes, voltou a conversar com o presidente estadual do PTB. Campos Machado, no entanto, mostrou irritação por ter sido preterido. "Eu não rompo com ninguém. Rompem comigo. Diante do que estou assistindo, voltei às negociações", disse, por meio de sua assessoria. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, do PMDB, também participou.

A aliança entre Marta e Matarazzo gerou reclamações tanto no PMDB quanto no PSD. Os vereadores do PMDB, por exemplo, não querem que o acordo seja feito na chapa proporcional. Com três parlamentares na Câmara Municipal, o partido almejava dobrar o número de cadeiras. Se a aliança com o PSD for confirmada na chapa proporcional, os pemedebistas calculam que a bancada do partido continuará com o mesmo tamanho, mas que o PSD se beneficiará e poderá passar de quatro para cinco vereadores.

Yunes reuniu-se ontem também com a bancada de vereadores pemedebistas para tentar driblar as resistências em relação ao acordo.

Já no PSD houve quem defendesse a manutenção da candidatura de Matarazzo, a fim de que o partido tivesse um palanque para divulgar sua plataforma. Para o vereador Police Neto, ter um candidato da sigla no primeiro turno representaria "uma vitória política".