Fausto Macedo e Mateus Coutinho

30/07/2016

Autor da delação que levou à denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador cassado Delcídio Amaral (sem partido- MS) disse ontem ao Estado que “um dia a conta chega para todo mundo”. Delcídio se referia ao fato de o ex-presidente ter se tornado réu em ação criminal na Justiça Federal em Brasília por tramar contra a Operação Lava Jato.

O próprio Delcídio também é réu na mesma ação, ao lado de outros cinco acusados de envolvimento em um plano para comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró. Delcídio foi preso em 25 de novembro do ano passado por determinação do Supremo Tribunal Federal. Em fevereiro, ele foi solto. Seus depoimentos deram sustentação a várias denúncias da Procuradoria-Geral da República e abertura de inquéritos no âmbito da Lava Jato. Para o senador cassado, a decisão judicial que recebeu a acusação da Procuradoria contra Lula “só fortalece” suas revelações. “Isso mostra a efetividade da minha colaboração. O juiz, assim como a Procuradoria, se aprofundou com relação a esse episódio da obstrução. As provas foram consideradas suficientes e levaram à denúncia e ao recebimento pela Justiça.”

Em troca da delação, Delcídio deverá se livrar de uma eventual pena de prisão, mesmo que condenado na ação por tentativa de obstruir a Lava Jato. Ele disse que está cumprindo todos os termos do acordo de colaboração que firmou com a Procuradoria- Geral da República, que, em parecer, afirmou que o senador cassado não estaria comparecendo quinzenalmente à Justiça nem morando no endereço declarado.

‘Absolvição’. O advogado do banqueiro André Esteves, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Sepúlveda Pertence, disse que o juiz Ricardo Leite, da Justiça Federal emBrasília, “deve ainda examinar se é caso de absolvição sumária ou mesmo de rejeição da denúncia”. “Nós vamos lutar por isso, pois estamos convencidos de que nosso cliente não cometeu nenhuma irregularidade. Não há justa causa para abrir processo penal embases tão fracas.” O advogado Damian Vilutis, que defende Maurício Bumlai, negou que seu cliente entregou dinheiro a Delcídio para ser repassado a Cerveró. O criminalista Conrado de Almeida Prado, que defende José Carlos Bumlai, afirmou que só vai se manifestar perante o juiz. “A defesa vai provar que José Carlos Bumlai nunca deu dinheiro a Nestor Cerveró ou sua família a fim de comprar silêncio ou impedir o acordo de delação premiada”, afirmou. “Tanto é verdade que a delação aconteceu, e que o próprio ex- diretor da Petrobrás admitiu em outro processo que não tratou com Bumlaia respeito de nenhuma irregularidade.”

‘Erro’. Edson Ribeiro disse que “tanto o Ministério Público quanto o juiz foram induzidos a erro por Bernardo, filho de Nestor Cerveró”. “Eu jamais tentei obstruir de qualquer forma a Justiça”, afirmou. A reportagem não conseguiu contato ontem coma defesa de Diogo Ferreira, ex-assessor de Delcídio, também réu na ação penal.

‘Efetividade’

“Isso só fortalece a minha colaboração, mostra a efetividade da minha colaboração. O juiz, assim como a Procuradoria, se aprofundaram com relação a esse episódio da obstrução. As provas foram consideradas suficientes e levaram à denúncia e ao recebimento pela Justiça.”

Delcídio Amaral

SENADOR CASSADO (SEM PARTIDO-MS).